Se estudantes não tiverem determinados modelos para exame de Física e Química terão de fazer "reset" e apagar dados essenciais para Matemática A.
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Os alunos que fizerem exame a Matemática A (12.º) e a Física e Química (11.º ) devem ter em atenção às restrições impostas ao uso da calculadora gráfica. Caso contrário correm o risco de perder dados fundamentais para a prova do 12.º ano, alerta a presidente da Associação de Professores de Matemática (APM). Segunda-feira arranca a primeira fase de exames - com 16 mil alunos inscritos para Filosofia - e Lurdes Figueiral classifica de "totalmente desnecessárias a perturbação" que pode ser criada minutos antes das provas.
Os alunos que vão fazer o exame de Física e Química têm de usar calculadoras gráficas com a funcionalidade "modo de exame" que terá de ser ativada antes do início da prova na presença dos professores. Uma opção relativamente recente, explica Lurdes Figueiral. De acordo com as orientações do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), no caso de os alunos terem modelos anteriores devem limpar a memória da calculadora na sala de aula. O mesmo documento indica que, para as provas de Matemática, os alunos devem usar "todas as potencialidades da máquina, não sendo por isso permitido qualquer reset".
Ora, frisa Lurdes Figueiral, "uma percentagem considerável dos que fazem Matemática A também fazem Física e Química por terem a disciplina em atraso ou quererem melhorar a nota". Os dois exames distam cinco dias e a presidente da APM considera que esse tempo é insuficiente para repor informação que foi sendo guardada durante os três anos do Secundário. Dos 44618 inscritos na prova de Física, 8646 vão fazer melhoria de nota.
57 MODELOS DIFERENTES
A lista exemplificativa de modelos de calculadoras que podem ser usadas nos exames tem 57 modelos diferentes. "Os professores não conhecem os modelos todos", insurge-se Lurdes Figueiral. As orientações do IAVE e Direção-Geral da Educação (DGE) recomendam às escolas que devem "consultar os sites das marcas e os contactos aí referidos para os devidos esclarecimentos relativos aos procedimentos".
A presidente da APM critica as restrições uma vez que os alunos fazem toda a escolaridade com as calculadoras. A prova de Matemática A está dividida em dois cadernos, desde o ano passado e os alunos só num podem usar calculadora. "É desnecessário. Pode fazer-se exames compatíveis com o uso de calculadoras", diz.
A Sociedade Portuguesa de Química desvaloriza esta preocupação. Para Adelino Galvão os alunos podem usar máquinas científicas (que têm as mesmas funcionalidades das gráficas em "modo de exame") ou "fazer um backup do que necessitam e repor após o exame". O JN tentou também ouvir a Sociedade Portuguesa de Física mas não recebeu respostas até ao fecho da edição.
Ministério garante que escolas foram avisadas
O Júri Nacional de Exames garante que "as escolas têm conhecimento destas medidas há muito tempo" e desvaloriza o seu impacto. Cita um ofício da Direção-Geral de Educação de setembro de 2017 que tornou público que, em 2018/2019, o exame de Física e Química A seria feito com recurso a calculadora gráfica em modo de exame, sustentando que "os modelos das principais marcas de calculadoras gráficas atualmente existentes no mercado possuem esta funcionalidade, bem como a grande maioria dos modelos mais antigos". Nos casos em que esta situação não se verifique, "pode ser facilmente instalada, mediante a atualização gratuita e online do respetivo sistema operativo, não sendo necessário a aquisição de novas calculadoras".