Empregabilidade ronda os 90%. Associação quer que alunos do 9º ano sejam melhor orientados para dar resposta a tecido económico das suas regiões.
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A esmagadora maioria dos alunos que frequentam escolas profissionais têm emprego garantido. São quase 40 mil todos os anos e poderiam ser ainda mais, se fossem orientados para aquele tipo de ensino, como acontece noutros países europeus. Escolas como a CIOR em Famalicão e a EPA em Aveiro reconciliam alunos com a aprendizagem e dão aos jovens novas perspetivas de futuro.
A "empregabilidade [nas escolas profissionais] é muito elevada, o que não admira se atendermos à enorme falta de mão-de-obra em todos os setores de atividade". Rondará "os 90%, um ano após o término dos cursos", explica José Presa, presidente da Associação Nacional de Escolas Profissionais (ANESPO).
O responsável lamenta que não haja uma "efetiva política de informação e de orientação vocacional dirigida aos jovens e famílias que frequentam o 3.º ciclo do ensino básico para que façam escolhas informadas e o mais acertadas possível". "Muitos alunos vão para os chamados cursos gerais, mas nunca prosseguem estudos, o que é mau para os alunos, para as famílias e para a sociedade pois vão engrossar as colunas dos desempregados e vão ser mal remunerados porque não têm competências profissionais", acrescenta, sublinhando que, quando "há desacerto entre os centros de interesse vocacionais dos alunos e os cursos que frequentam, normalmente há insucesso e falta de realização pessoal".
União Europeia aposta ainda mais
As ofertas formativas "procuram responder aos interesses do tecido económico e social e aos interesses manifestados pelos alunos", sendo distintas ao longo do território. No geral, diz José Presa, os cursos mais procurados são os que se integram nas áreas das "ciências informáticas, a hotelaria e restauração, a eletrónica e automação", entre outros.
O presidente da ANESPO faz questão de apontar que, comparativamente com outros países da União Europeia, "estamos bastante mal e temos um longo caminho pela frente. As ofertas qualificantes estão muito abaixo da média europeia".
Os números falam por si. "Em Portugal a percentagem de cursos profissionais, na idade própria, ou seja, entre os 15 e os 18 anos, é de 34%", quando a "média europeia que é de 55% e os países do Norte da Europa já andam nos 70%". "O grande desafio do país é reduzir os cursos científico-humanísticos, que não conferem qualquer qualificação profissional, por cursos profissionais que certificam o 12. º ano e qualificação profissional de nível IV e são estes os cursos efetivamente procurados pelas empresas", aponta José Presa.
Quase 200 estabelecimentos
A ANESPO representa 156 escolas sede, a que se somam mais meia centena de polos. Por ali passam cerca de 36 mil alunos em cursos profissionais, a que se juntam mais uns dois mil em cursos de educação e formação.
Nos últimos cinco anos verificou-se uma "redução média de 2% de alunos/ano", a que não será alheia a "redução da natalidade" em Portugal.
"As Escolas Profissionais, mesmo assim, têm mantido uma capacidade de atração muito significativa. Temos conseguido repor o número de turmas o que significa que, face à redução da natalidade, estamos a aguentar bem", adianta José Presa.