Espaços de Gaia e da Maia já reabriram e tentam recuperar da queda abrupta na receita das bilheteiras durante o estado de emergência.
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O zoo de Santo Inácio ganhou nova vida desde a última visita de Francisco Martins. Na altura, não havia o panda vermelho, nem a savana africana. Tem 11 anos e o jardim zoológico de Gaia foi o primeiro que revisitou após o confinamento.
Acompanhado pelos avós, Cecília Coelho e Vítor Seixas, a máscara fez parte do passeio. No recinto, há dispensadores de álcool-gel para a desinfeção das mãos e um vasto espaço para cumprir o distanciamento social. O cenário é idêntico no zoo da Maia, onde foram criados circuitos independentes para a entrada e saída dos visitantes.
Nas rotas dos dois zoos caminham essencialmente famílias. Com as atividades letivas realizadas à distância, não há marcações para visitas escolares. Mais um prejuízo a somar à queda abrupta das receitas de bilheteira nos meses de confinamento. Feitas as contas, na Maia, as perdas de rendimento rondam os 150 mil euros.
"Esta era uma época em que as escolas viriam ao zoo em grupo. Não temos essas marcações e não estamos a fazer aniversários. Estamos a ponderar se vamos fazer as colónias de verão, sendo certo que se as regras da Direção-Geral da Saúde se mantiverem não temos condições para as fazer", referiu Olga Freire, presidente da Junta de Freguesia Cidade da Maia, proprietária do espaço.
Teresa Guedes, diretora do zoo de Santo Inácio, ainda não fez essas contas. No entanto, todos os meses, são gastos mais de 15 mil euros na alimentação dos animais. Sem proveitos de bilheteira durante o estado de emergência e uma procura inferior à do ano anterior, a campanha de apadrinhamento de espécies foi uma ajuda. "Tivemos tantos apadrinhamentos que nem quisemos acreditar. Também tivemos donativos. As pessoas quiseram ajudar", contou Teresa Guedes.
Suspensão de obras
Na Maia, a pandemia obrigou à suspensão das obras para melhorar as acessibilidades a pessoas com deficiência motora e visual. "Estávamos a planear fazer um investimento mais ou menos do valor das receitas que perdemos. Acredito que até agosto vai entrar receita, mas serão sempre salvaguardados os salários e subsídios de férias. É prioritário", sublinhou Olga Freire.
Para os animais, pouco mudou com a pandemia. Continuaram a receber os cuidados dos tratadores, que redobraram a atenção e o mimo nos meses de confinamento. "Faz parte da rotina deles verem pessoas e ouvirem crianças. Enquanto tratadores, tivemos de nos preocupar em passar fora do habitat e parar a olhar para eles, para que saibam que ainda há gente interessada no comportamento deles", disse André Cascalho, tratador no zoo de Santo Inácio.
Com o regresso das gargalhadas, no túnel dos leões, os felinos voltaram a aproximar-se dos vidros. "Nos dias em que temos menos visitantes, são os dias em que estão menos próximos do túnel. São curiosos e sentem a presença das pessoas", contou André Cascalho.
No habitat dos tigres da Maia, a Asha reage aos estímulos das crianças e à voz de Paula Telinhos, que a alimentou a biberão em pequena. "Os animais estavam tranquilos. Antes de fecharmos, fizemos um plano de contingência, assegurando três meses de rações", recordou.