Ministro sugere que agrupamentos façam parcerias e usufruam dos testes gratuitos mensalmente. Diretores aceitam sugestão.
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As farmácias estão disponíveis para aceitar o repto lançado na segunda-feira pelo ministro da Educação para que assegurem a testagem dos alunos nas escolas através de parcerias. Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), garante que a medida é "perfeitamente exequível" e que já se faz na Madeira há meses. Os presidentes das duas associações de diretores aceitam a sugestão, desde que sejam as farmácias a deslocar-se às escolas, como os laboratórios fizeram em setembro quando os alunos do 3.º ciclo e Secundário foram testados juntamente com os professores e funcionários.
Tiago Brandão Rodrigues considera que famílias e escolas devem saber tirar partido dos quatro testes por mês que o Governo disponibiliza gratuitamente a todos os cidadãos. "Se utilizarem, por exemplo, mensalmente essa força de testagem, ainda deixam para as famílias a possibilidade de os alunos usarem três testes. Faço um apelo a que as direções das escolas assumam a sua responsabilidade, como muitas autarquias têm feito, e possam fazer a testagem ou então sensibilizarem os alunos para ir às farmácias", defendeu o ministro, ao JN, no Porto.
Ema Paulino sublinha que mais de 84% das farmácias do país aderiram ao programa, garantindo assim cobertura nacional. "Nos casos em que as farmácias não têm capacidade para assegurar esse serviço, há em concelhos limítrofes outras que o podem fazer", assegura.
As deslocações às escolas são exequíveis desde que programadas, garante. No caso da Madeira, explica, há casos em que são enviadas equipas às escolas e outros em que as famílias preferem escolher a farmácia da sua residência e levar os alunos para serem testados.
"É uma hipótese a estudar. O que queremos é que os alunos também sejam testados. Não importa se são laboratórios ou farmácias", reage Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP) que defende que alunos, docentes e funcionários sejam testados, pelo menos, uma vez por mês. Na segunda-feira, arrancou a testagem de professores e funcionários: até dia 21, cerca de 220 mil vão ser testados.
"Faz todo o sentido, no âmbito da autonomia, contactar farmácias para se deslocarem às escolas e fazerem os testes aos alunos", considera Manuel Pereira. O presidente da Associação de Dirigentes Escolares (ANDE) não defende a testagem periódica dos estudantes mas concorda que esta parceria será uma solução em caso de surto ou de subida de casos nas comunidades.
185 mil com dose de reforço
Mais de um milhão de alunos regressaram na segunda-feira às aulas presenciais após a pausa do Natal, prolongada devido à pandemia. As novas regras de isolamento vão deixar de enviar para casa turmas inteiras, uma vez que só os familiares são contactos de risco. Face a um caso, os colegas devem ser testados nos primeiros três dias. Os diretores consideram que a medida irá beneficiar as aprendizagens.
Ontem, durante a visita à Básica e Secundária de Idães (Felgueiras), a primeira em 2020 a fechar devido a um surto no concelho, o ministro frisou que testes e vacinação reforçam a segurança no regresso às aulas. Nos últimos dias, receberam a dose de reforço "mais de 100 mil" profissionais, que se juntam aos 85 mil que já tinham a terceira dose pela idade, revelou. A "casa aberta" com senha digital vai manter-se nos próximos dias. Entre as crianças dos 5 aos 11 anos, cerca de 48% estão vacinadas, uma vez que mais de 300 mil receberam a primeira dose entre 626 mil elegíveis.
Leiria
De máscara, mesmo sem ser obrigatória
No dia de regresso às aulas, após uma semana extra de pausa letiva, Liliana, de oito anos, chegou à Escola Branca, em Leiria, de máscara, apesar de só ser obrigatória a partir dos 10 anos. A criança esteve infetada com covid-19, tal como a mãe, pelo que o pai, Rui Carvalho, de 38 anos, desdobra-se em cuidados para evitar mais contágios. Assim que surgiram os primeiros casos de infeção na escola, Rui pediu à filha mais velha para usar sempre máscara. Na sala de aula e nos intervalos.
Dos quatro elementos da família, só ele e a filha mais nova, Bárbara, de 6 anos, escaparam. A mulher, Tânia, esteve infetada, em dezembro de 2020, e passou um mau bocado. "Agora sente-se um bocadinho melhor, mas ficou com algumas mazelas, porque lhe atacou mesmo a sério os pulmões". No mês seguinte, foi a vez de Liliana ficar infetada na escola, mas nem sequer teve sintomas.
Os pais já estão vacinados, mas Rui receia que a inoculação possa ter efeitos adversos nas filhas. Ficar a tomar conta de Liliana e de Bárbara mais uma semana do que é habitual não foi um problema para o pai, que está desempregado. A filha mais velha esteve a fazer os trabalhos de casa e a estudar a tabuada, mas também aproveitou para estar ao computador e para brincar com a irmã. As crianças ocuparam o tempo ainda a passear, a andar de trotineta e de overboard. "Sentimos necessidade de desanuviar. Se estivermos sempre fechados, estamos sempre a pensar e a cansar o cérebro".