Federação Académica do Porto pede a deputados que aprovem alteração no modelo de eleição dos reitores
"Não podemos ficar reféns entre picardias de professores universitários", afirmou o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), esta terça-feira, no Parlamento. Ouvido por causa da polémica em torno do concurso especial para licenciados no mestrado integrado em Medicina, Francisco Porto Fernandes garantiu que os estudantes "vão até às últimas consequências" e pediu aos deputados para aprovarem a alteração na eleição dos reitores.
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O presidente da FAP pediu aos deputados que aprovem a proposta de alteração do Governo ao Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) para os reitores passarem a ser escolhidos por eleição direta e não pelo Conselho Geral.
"Peço-vos que a próxima fornada de reitores sejam escolhidos por eleição direta e não pelo conselho geral, onde 23 decidem o futuro de dezenas de milhares", apelou. Sobre a polémica, Francisco Porto Fernandes garantiu que os estudantes irão até às "últimas consequências" para esclarecerem cabalmente o que se passou e impedir que se repita.
A FAP pediu a realização de um senado a que Francisco Porto Fernandes não assistiu. A sua entrada terá sido barrada "pela diretora de uma faculdade" que considerou que ele não representa os estudantes. "Não dava jeito que eu lá estivesse", denunciou aos deputados.
Sobre os 30 estudantes "lesados", notificados formalmente da entrada no curso que acabaram por não entrar, o presidente da FAP afirmou, na audição, que não vê forma de serem colocados e, por isso, "terão de avançar para tribunal".
"Espetáculo político-mediático"
Ouvido depois do reitor, António de Sousa Pereira, e do diretor da Faculdade de Medicina, Atalmiro da Costa Pereira, que voltaram a trocar acusações, Francisco Porto Fernandes conclui que "é óbvio que há um concurso que parece ser gerido com os pés". Recordou a candidata de Vila Real, de 36 anos, que vendeu a casa para ir viver para o Porto e o estudante que perdeu a vaga na Universidade de Coimbra por acreditar que tinha entrado no Porto.
"Viram um papel timbrado a dizer que tinham concretizado um sonho e um mês depois não vale nada. Compreendo a indignação", afirmou, lamentando o "espetáculo político-mediático" protagonizado por reitor e diretor.
António Sousa Pereira, na sua audição, referiu que esses 30 estudantes que não alcançaram a nota mínima de 14 valores na prova de ingresso sabiam que não tinham preenchido os requisitos. Já o diretor, Atalmiro da Costa Pereira manifestou acreditar que vão vencer a ação em tribunal. O diretor nega as denúncias do reitor de que a faculdade falsificou documentos e assinaturas.
O vogal Hélio Alves "enganou-se" e terá escrito a palavra "homologado" na ata com os resultados provisórios, que incluiam os 37 candidatos com notas acima de dez valores, em vez de "ratificado", explicou o diretor.
O reitor afirmou que nunca sofreu pressões do ministro da Educação para facilitar a entrada no curso de estudantes de forma irregular e apontou o dedo ao médico António Sarmento por ter escrito um texto de opinião e ter dado uma entrevista.