O secretário-geral da Fenprof acusou, esta sexta-feira, o primeiro-ministro de "não ser muito sério" nas suas declarações, dizendo não ter ficado surpreendido por António Costa dizer ser impossível recuperar o tempo de serviço dos professores.
Corpo do artigo
Em declarações aos jornalistas, antes de entrar para mais uma reunião com responsáveis do Ministério da Educação sobre um novo regime de recrutamento e colocação de professores, Mário Nogueira reagiu às declarações de António Costa que, em entrevista à TVI, disse ser impossível aceitar a reivindicação dos docentes de recuperar os mais de seis anos de serviço congelado durante o período da Troika.
"Não tive nenhuma surpresa e até me surpreenderia se [António Costa] tivesse dito outra coisa", disse Mário Nogueira, lembrando que há quatro anos o primeiro-ministro ameaçou demitir-se caso os deputados da Assembleia da República aprovassem a recuperação dos mais de nove anos em que os docentes tiveram a carreira congelada: "Ninguém estava a contar que o senhor primeiro-ministro pudesse mudar de ideias".
O secretário-geral da Fenprof considerou ainda que António Costa "não é muito sério nas declarações que faz", lembrando o caso das obras no IP3.
Mário Nogueira lembrou as afirmações do primeiro-ministro que disse que caso optasse por recuperar o tempo de serviço, não poderia realizar obras naquele troço rodoviário, mas "não fez as obras nem contou o tempo de serviço".
A forte contestação dos professores na altura levou a um acordo com o Ministério da Educação, que recuperou "dois anos, nove meses e 18 dias", tendo ficado mais de seis anos por recuperar.
Mário Nogueira voltou a exigir "o tempo de serviço a quem o trabalhou", sublinhando que "as lutas vão continuar" e os professores "não vão parar".
Desde dezembro do ano passado os professores iniciaram um período de greves e protestos e dizem que não vão parar enquanto o Governo não corrigir a situação.
Sindicatos e tutela iniciaram em setembro um processo negocial para um novo regime de recrutamento e colocação dos professores que vai já na quinta ronda negocial e conta com novas reuniões marcadas para a próxima semana sem uma solução à vista.
Sobre estas negociações, Mário Nogueira disse hoje estar "longíssimo" um acordo com a tutela, porque com o documento apresentado é "muito penalizador para todos" os professores, dando como exemplo os docentes contratados que para conseguirem ter um aumento salarial têm de concorrer a 10 Quadros de Zona Pedagógica.
Mas, acrescentou, mesmo que fosse "um documento extraordinário, o que não é, hoje jamais os professores concordariam que alguma organização sindical assinasse qualquer documento sem que aquilo que é seu, que é o tempo de serviço, fosse garantido".
Também o líder do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop) André Pestana, voltou hoje a dizer ser impossível avançar para um acordo, porque o "documento que está em cima da mesa não há condições".
O documento apresentado pela tutela "não corresponde a nenhuma das reivindicações" dos profissionais da educação, disse o líder do Stop, acusando o Governo de "intransigência, apesar de dizer que está a negociar".
Além da recuperação dos mais de seis anos de tempo de serviço congelado, o Stop pede um aumento de 120 euros a todos os profissionais para responder à inflação.