Figuras do PS (e não só) querem estátua de Soares na residência do primeiro-ministro
Um grupo de 36 personalidades de várias áreas propôs, numa carta enviada a António Costa, a instalação de uma estátua de Mário Soares nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro.
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A ideia, que partiu dos antigos deputados do PS Vítor Ramalho e António Campos, visa assinalar o centenário do nascimento do ex-presidente da República e ex-primeiro-ministro. Os signatários disponibilizam-se a oferecer ao Estado a obra, da autoria de Leonel Moura.
“Em 2024, celebra-se o centenário do nascimento de Mário Soares e os 50 anos do 25 de Abril”, lembra Vítor Ramalho ao JN. “Portanto, é quase impossível falar de uma coisa sem falar da outra”, refere. Garante não ter “pressa nenhuma” em que a estátua seja instalada, dizendo acreditar que isso ocorra no próximo ano.
Vítor Ramalho teve a preocupação de garantir que esta iniciativa era “transversal”, indo para além da área do PS. Assim, entre os subscritores, contam-se figuras ligadas ao PSD, como Ângelo Correia, Mota Amaral ou António Capucho. Destaca-se, também, Basílio Horta, hoje integrado no PS, mas que foi apoiado pelo CDS contra Mário Soares nas presidenciais de 1991.
“Lutador infatigável”
A missiva inclui, ainda, nomes de várias áreas da sociedade civil. Há personalidades ligadas à Igreja (Januário Torgal Ferreira e Vítor Melícias), à Ciência (António Damásio, Alexandre Quintanilha, Irene Pimentel), às artes (António Pedro Vasconcelos) e ao jornalismo (Miguel Sousa Tavares). Juntaram-se também vários socialistas, entre os quais se destaca Manuel Alegre.
Ramalho refere que a ideia surgiu depois de ele próprio e António Campos terem constatado que não existe nenhuma estátua de Mário Soares em Lisboa. Através desta iniciativa – que o Governo ainda terá de validar –, esperam conseguir “sensibilizar a opinião pública” para a importância da figura do antigo governante.
Ramalho descreve Soares como um “lutador infatigável” contra a ditadura e pela democracia. Na carta, os signatários disponibilizam-se a fazer uma subscrição pública para comprar a estátua, caso haja “constrangimentos” para o Estado dar esse passo. Ramalho estima que a obra custe entre 20 a 30 mil euros.
Ao JN, Alexandre Quintanilha, deputado do PS e subscritor da carta, disse ter-se associado à iniciativa devido ao papel de Soares no “estabelecimento e estabilização da democracia”.