Galamba diz que PSD está "sem discurso" e cita Marcelo, que tinha pedido a sua demissão
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, acusou o PSD de estar "em desnorte e sem discurso" para contrariar as políticas do Governo. No fecho do debate do Orçamento do Estado (OE) na generalidade, ignorou o tema da TAP mas fez questão de citar o presidente da República - que, em maio, tinha pedido a sua demissão.
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O momento mais significativo do discurso de Galamba foi mesmo a breve citação de Marcelo Rebelo de Sousa, que o ministro utilizou para elogiar o OE. "Permitam-me citar sua excelência, o presidente da República: 'Este Orçamento segue a única estratégia possível'". Dito isto, pedindo "permissão" retórica ao chefe de Estado, Galamba acrescentou uma observação: "E é mesmo um bom Orçamento".
A declaração de Marcelo citada por Galamba tinha sido feita no dia 11. Na altura, o presidente disse que a estratégia orçamental seguida pelo Governo era, "porventura, a única possível". Assim que Galamba revelou que iria parafrasear o presidente, as bancadas à Direita manifestaram ironia e desagrado de forma sonora.
Recorde-se que, em maio, João Galamba esteve com um pé fora do Governo devido à polémica no ministério das Infraestruturas, tendo chegado a pedir a demissão. No entanto, o primeiro-ministro segurou-o.
Marcelo não se sentiu “nada incomodado” com escolha de Galamba
Esta terça-feira, António Costa incumbiu Galamba de encerrar o debate; no final, após a aprovação do OE na generalidade, ambos se cumprimentaram de forma efusiva, sorridentes. Cá fora, ainda de sorriso rasgado, o ministro das Infraestruturas não escondeu a satisfação, tendo acenado com o punho fechado, na direção de um colega de Governo, fazendo um gesto de "missão cumprida".
Antes do discurso, citado pela SIC, Marcelo tinha desvalorizado a importância da escolha do primeiro-ministro paa fechar o debate. “Não me incomoda nada”, garantiu o presidente, frisando que cabe a Costa escolher “o ministro que, em função da atualidade do tema, é o mais importante”.
Marcelo acrescentou que a opção por Galamba prova “a prioridade que o Governo dá a temas como a TAP e o aeroporto”. No entanto, e embora tenha discursado durante cerca de meia hora, o ministro não mencionou a TAP.
Alta velocidade Lisboa-Porto e escolha do novo aeroporto avançam
No discurso - aplaudido por Pedro Nuno Santos -, Galamba apontou baterias à Direita e, em particular, ao PSD. Acusou os sociais-democratas de estarem "em desnorte e sem discurso" perante a estratégia seguida pelo Governo.
Durante o debate, também PCP e BE consideraram que o PS está a neutralizar a Direita, ainda que por seguir as políticas desta em matéria de SNS, TAP, habitação ou "contas certas". Joana Mortágua, do BE, considerou mesmo que os socialistas estão a "destrunfar" a Direita.
Segundo Galamba, o OE deixa "bem claro" que o PS rompeu "com o modelo segundo o qual só existe competitividade com baixos salários, cortes na despesa pública e com recurso à redução cega e indiscriminada de impostos para as empresas". Também frisou, continuando a visar a Direita, que o Governo tem conseguido atrair "várias Autoeuropas" para Portugal.
O ministro das Infraestruturas confirmou ainda que 2024 será o ano em que é lançado o concurso para o primeiro troço da linha férrea de alta velocidade entre Lisboa e Porto. Sobre o novo aeroporto da capital, deixou outra garantia para o próximo ano: "Sim, decidiremos mesmo a localização do novo aeroporto".