Uma investigação da Universidade do Minho promete ajudar a pôr fim ao flagelo do despejo das oito milhões de toneladas de plástico que chegam ao oceano todos os anos. Através da Fibrenamics, uma interface da academia minhota para a transferência de conhecimento para o setor empresarial, foi criada a "The Good Bottle" (A Boa Garrafa), que é feita de materiais orgânicos, compostável e que leva apenas um ano a degradar-se.
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O projeto liderado pelo professor Raul Fangueiro, coordenador da Fibrenamics, começa com o desafio lançado pela Fundação Mirpuri para se encontrarem substitutos para os plásticos de uso único. A equipa de cinco investigadores decidiu, então, apostar numa fórmula insólita para uma garrafa. "É toda produzida a partir de um polímero de base natural, que é o amido, depois aditivado com algas do mar", revela Raul Fangueiro.
O amido está presente em vegetais como o milho ou a batata e é o segredo para a degradação rápida. Ao fim de 45 dias, a biodegradabilidade da garrafa é de 74% e ao fim de um ano é de 100%. Por ser compostável, não precisa de ir para o ecoponto. Mesmo que, no limite, acabe no oceano, isso até nem vai ser mau: "Quando ela se degrada no oceano, as próprias algas podem servir depois de alimento à fauna marinha sem qualquer problema. Ajuda o ambiente marinho em vez de o prejudicar".
Criada por seis dos 45 investigadores da Fibrenamics que trabalham nos laboratórios do edifício IBS do Campus de Azurém da UMinho, em Guimarães, A Boa Garrafa pode ter vários tamanhos, sempre com um desenho inspirado nos corais do oceano. A tampa também tem a mesma composição para garantir a degradação no período anunciado sem prejudicar o conteúdo. "Os ensaios foram feitos para água e tivemos de assegurar que não há migração da composição da garrafa para o líquido", explica o investigador.
Agora compete às entidades industriais rentabilizar aquilo que foi o resultado da investigação
O sucesso d"A Boa Garrafa foi tal, que a Fundação Mirpuri fez um protocolo com a Águas de Monchique, que se prepara para comercializar água mineral naquele recipiente ecológico. "Já fizeram uma primeira produção que foi apresentada e distribuída no Ocean Race há duas semanas", adianta Raul Fangueiro.
Com a massificação a cargo da empresa de águas do Barlavento algarvio, terminou a missão da UMinho neste projeto. "Agora compete às entidades industriais rentabilizar aquilo que foi o resultado da investigação", assinala o investigador, que fica com a sensação de missão cumprida ao atingir o mote da Fibrenamics, "From Science to People" (Da Ciência para as Pessoas). O próximo passo é tentar utilizar a fórmula da garrafa para fabricar embalagens que possam substituir as de plástico.