
Henrique Gouveia e Melo, candidato a presidente da República
Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo rejeitou, esta segunda-feira, ter retirado proveitos próprios de contratos celebrados entre a Marinha Portuguesa e a empresa Proskipper, de 2017 a 2020, enquanto era comandante naval.
"Nunca lidei diretamente com fornecedores, nunca conversei com fornecedores, não conheço os fornecedores", garantiu Gouveia e Melo após ter sido confrontado pelos jornalistas sobre os ajustes diretos aprovados durante a sua liderança na Marinha, entre 2017 e 2020. "Se alguém me acusar disso, que me acuse na cara. Só ganhei o meu ordenado (...) Venham-me acusar na cara e com provas de que tive ganhos diretos. Não venham é insinuar", acrescentou o candidato presidencial, nos Açores.
A revista "Sábado" avançou, esta segunda-feira, que o Ministério Público está a investigar os referidos contratos. Em 2024, o Tribunal de Contas emitiu um perdão sobre eventuais infrações financeiras, mas a "Sábado" diz agora que o processo mantém-se em inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Almada. O JN questionou a Procuradoria-Geral da República sobre o referido inquérito, mas ainda não obteve resposta. A Polícia Judiciária Militar (PJM) terá identificado 57 contratos suspeitos aprovados por Henrique Gouveia e Melo.
A atividade da Proskipper, dissolvida em 2022, era de "comércio de bens e tecnologias militares e produtos relacionados com a Defesa". De acordo com o Portal Base, a Proskipper celebrou 137 contratos com o Estado, dos quais 124 com a Marinha Portuguesa. A empresa arrecadou 2,1 milhões de euros.
Depois de ter recusado que os contratos eram validados diretamente por si, o candidato a Belém questionou a "coincidência" de a poucos dias das eleições presidenciais "aparecer uma coisa de 2017 ou 2018". "Não sou opaco, não tive nenhum empresário que me pagasse, não tive nenhum empresário com quem estivesse associado", referiu.
Sobre o que fará se for notificado, o almirante realçou que é "totalmente transparente" e quem "não deve não teme". "Não tenho nada a esconder, nada de que me envergonhe", disse o chefe da Marinha à altura dos factos.

