O presidente do PSD considerou, esta quinta-feira, que o Governo e a maioria que o suporta se têm mostrado coesos e operativos, mas fizeram tudo ao contrário e desperdiçaram uma oportunidade histórica de recuperação do país.
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"Senhor primeiro-ministro, os responsáveis desta maioria carregarão o fardo de terem desperdiçado a oportunidade histórica que o país tinha de recuperar de uma situação muito difícil, que mais de uma década de políticas erradas nos ia conduzindo à insolvência", declarou Pedro Passos Coelho, no debate do "Estado da Nação", no parlamento.
Dirigindo-se a António Costa, o ex-primeiro-ministro acrescentou: "Desbaratou, portanto, condições para forjar um crescimento sustentável e atirou pela janela aquilo que a muito custo os portugueses com sacrifícios fizeram para mostrar a sua marca de credibilidade e de determinação para vencer no futuro".
No início da sua intervenção, Passos Coelho cumprimentou o primeiro-ministro "por ter até hoje tido uma maioria que no essencial se tem mostrado coesa e operativa".
No final, disse-lhe que espera "que a sua maioria, além de coesa, coerente e operativa, se venha a revelar também estável e duradoura".
"Mas, sendo estável e duradoura, coisa que só está nas vossas próprias mãos, não conduzirá o país a uma situação melhor se continuar a fazer de conta que vivemos em campanha eleitoral", rematou, aplaudido de pé pelo PSD.
Antes de se pronunciar sobre o estado do país, o ex-primeiro-ministro recordou os anteriores quatro anos e meio de governação PSD/CDS-PP.
Depois, referiu que saiu das legislativas de 2015 com "o melhor resultado eleitoral de cada uma das forças que se apresentou a sufrágio" e teve o gesto de "convidar o doutor António Costa para o Governo do país".
"Sabia, nessa altura, que era importante não desperdiçar as oportunidades que tínhamos para futuro e garantir o mais possível que enfrentaríamos os riscos externos cobrindo-nos com um escudo estável e coerente", afirmou.
Quanto à atual governação do PS, suportada por acordos de incidência parlamentar com Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes", o presidente do PSD defendeu que "o país está a andar para trás".
Passos Coelho acusou o Governo de, fixado "na retórica da inversão da austeridade", governar em função do curto prazo e de forma imprudente.
"O desendividamento não chegou a acontecer - os últimos dados mostram um endividamento crescente do Estado. As reformas estruturais importantes, e para as quais era preciso tanta paciência para se observarem resultados, têm sido revertidas, e outras com promessas de reversão. O investimento tem caído a pique. O emprego ou estagna ou destrói-se", apontou.
"Exacerbamos riscos orçamentais, adiamos despesa", prosseguiu.
O presidente do PSD alegou ainda que "o crescimento tem menos vigor do que há um ano" e que "a poupança tem regressado a níveis dos mais baixos de sempre".
"Tudo ao contrário, portanto, daquilo que era estrategicamente e importante para o país", concluiu.
O primeiro-ministro, António Costa, respondeu a Passos Coelho acusando-o de continuar centrado no passado e disse-lhe que "o tempo não volta para trás".
Quanto aos dados económicos, o primeiro-ministro disse ter herdado "um enorme afundanço do investimento", e que "o que está a baixar é o investimento público", enquanto o privado "subiu neste primeiro trimestre, relativamente ao ano passado, 13%".
António Costa alegou depois que Passos Coelho não falou no desemprego porque "não está nas suas prioridades", mas "está também a baixar".
"Não precisamos de chegar ao Governo para saber o estado em que os senhores deixaram o país. Estamos no Governo para enfrentar e resolver os problemas que os senhores deixaram", acrescentou.