Governo determina racionamento de água em empreendimentos turísticos do Algarve
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, anunciou esta sexta-feira que haverá uma redução do consumo de água nos empreendimentos turísticos do Algarve. O racionamento acordado com os empresários deverá afetar locais que têm um "grande consumo de água", como campos de golfe e espaços verdes.
Corpo do artigo
"Foi feita uma reunião entre a Agência Portuguesa do Ambiente e um conjunto de empreendimentos turísticos do Algarve, onde ficou decidido um racionamento e uma gestão dos limites do consumo de água que podem adotar. Isto quer dizer que há uma limitação da água por parte desse setor", apontou o governante, no final de uma reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES).
Duarte Cordeiro explicou que a medida se aplica a espaços verdes ou a campos de golfe, por exemplo, não estando previsto impor limites ao consumo humano.
O ministro do Ambiente não esclareceu, porém, de quanto é o racionamento. Ao JN, fonte da tutela acrescentou que ainda estão negociações a decorrer, não sendo claro ainda qual o limite imposto aos empreendimentos.
Após a 10.ª reunião interministerial da CPPMAES, Duarte Cordeiro, ladeado pela ministra da Agricultura e da Alimentação, apontou a necessidade de haver uma "poupança da água da parte de todos". "A situação de seca é a mais grave deste século", disse. Na conferência de Imprensa, os membros do Governo apresentaram a campanha de sensibilização "1 minuto por dia, vamos fechar a torneira à seca".
1550530672057389056
Maior dependência do gás
Além do racionamento da água por parte dos empreendimentos turísticos algarvios, nas novas medidas estão também previstos "uma obra de ligação entre o sistema do Alto do Rabagão ao sistema do Arcossó, para incremento da resiliência, o prolongamento do Pinhão ao sistema adutor de Vila Chã e a reativação da captação de cama para redução do volume captado na albufeira de Sambade". "As três últimas medidas são todas em Trás-os-Montes", revelou o ministro.
O governante afirmou que, das 31 albufeiras para "fins múltiplos" em situação crítica ou em vigilância, dez mantiveram o volume armazenado e duas reduziram o armazenamento em mais de 5%, desde a última reunião da CPPMAES a 21 de junho.
A ministra da Agricultura relembrou que há "planos de contingência para todas as albufeiras hidroagrícolas", para prevenir problemas e antecipar as necessidades. Maria do Céu Antunes revelou que a situação das albufeiras hidroagrícolas relativamente ao mês passado "não se alterou": 37 "asseguram a campanha de rega" e sete continuam com limitações.
Questionado sobre a redução do consumo de gás proposta pela Comissão Europeia, e que Portugal recusou, Duarte Cordeiro defendeu que a situação de seca "condiciona do ponto de vista energético" ao "não usar abertamente a energia hídrica", o que se traduz numa maior "dependência de combustíveis fósseis". A ministra da Agricultura acrescentou que existe uma verba de 50 milhões de euros destinada à instalação de painéis fotovoltaicos por agricultores e pela pequena indústria.