Fundo Ambiental financia a operação a 100% em sete concelhos. Protocolos com o Governo vão ser assinados esta quarta-feira em Carrazeda de Ansiães.
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Sete municípios transmontanos vão receber 1,3 milhões de euros do Fundo Ambiental para apoiar a reativação ou melhoramento de captações de água. Os protocolos vão ser assinados, esta quarta-feira, em Carrazeda de Ansiães, na presença do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.
Carrazeda de Ansiães, Alijó, Bragança, Mogadouro, Vimioso, Macedo de Cavaleiros e Alfândega da Fé são os primeiros do continente português a receberem ajudas para reativarem sistemas autónomos de abastecimento de água à população.
Ao JN, João Paulo Catarino destacou que se trata de "captações subterrâneas ou nascentes que, devido à situação de seca, não estão a conseguir garantir os caudais". Os protocolos preveem também a "aquisição de autotanques para o transporte de água para esses sistemas autónomos", bem como "a reconstrução e alteamento de alguns açudes".
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Esta operação, financiada "a 100%" pelo Fundo Ambiental, "é a primeira do país", mas o secretário de Estado admite que também será executada noutras zonas "se vier a justificar-se". Normalmente, os sistemas autónomos servem "povoações mais distantes" e "têm cumprido o seu papel". Devido à seca, que se não é extrema é severa, é na região de Trás-os-Montes que aquelas captações "estão mais debilitadas". As barragens "têm estado a cumprir o seu papel".
Em Carrazeda de Ansiães, a barragem da Fontelonga, que abastece a maior parte do concelho e algumas aldeias de Vila Flor, só dá garantias até outubro e a Câmara já tem aberto um concurso para o aporte de água a partir do rio Tua. João Paulo Catarino referiu que "neste caso, o apoio [no âmbito do protocolo assinado esta quarta-feira] será também para isso". No resto do país "não existe outro caso semelhante ao de Carrazeda", mas "se vier a justificar-se o procedimento será o mesmo", assegurou o secretário de Estado.
Carrazeda de Ansiães foi também o primeiro município português a admitir, este verão, cortes no abastecimento durante a noite, de modo a poupar água. O governante não tem conhecimento de outros casos semelhantes. Acredita que as ações de sensibilização em curso conseguirão reduzir o consumo. Deu o "bom exemplo" de Carrazeda, que "deve ser replicado", onde já se conseguiu "uma poupança de 17%" o que equivale a "cinco milhões de litros". Confia que "se as pessoas estiverem conscientes ajudarão a evitar medidas mais drásticas e que são desagradáveis para as pessoas".
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"Trás-os-Montes e o Algarve são as regiões do país onde as coisas estão mais difíceis e onde a quantidade de água é menor", assegurou o secretário de Estado. São, por isso, as zonas onde o Governo está a trabalhar "mais perto dos municípios" e a "procurar soluções alternativas", como é o caso da reutilização das águas das estações de tratamento no Algarve. "Já aproveitámos um hectómetro cúbico para rega de campos de golfe e jardins", realçou, frisando que o objetivo é "aumentar para oito hectómetros cúbicos em 2025".
João Paulo Catarino também vai reunir, esta quarta-feira, com autarcas dos municípios transmontanos afetados pelos recentes incêndios, como Carrazeda de Ansiães, Murça, Vila Pouca de Aguiar, Valpaços e Chaves. Vão "fazer o ponto da situação dos prejuízos na componente florestal e ambiental" e, ao mesmo tempo, "construir um conjunto de soluções de apoio para reconstruir estes territórios".
"A regulação da madeira ardida, as estabilizações de emergência que seja necessário executar rapidamente por questões ambientais, a necessidade de estabelecer alguns contratos-programa com organizações de produtores florestais ou autarquias, bem como criar medidas integradas de gestão da paisagem para áreas ardidas superiores a 500 hectares" são alguns dos assuntos em cima da mesa.