Montenegro não está "preocupado com a popularidade" das decisões relativas à obstetrícia
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantiu esta sexta-feira não estar "preocupado com a popularidade" das decisões que têm sido tomadas pelo Governo para resolver os problemas das urgências de ginecologia e obstetrícia.
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"Nós não estamos preocupados com a popularidade das decisões, mas com o efeito e as consequências que elas têm. E o efeito e consequência é que nós temos que encontrar uma resposta para as urgências de ginecologia e obstetrícia para todo o território e para a Península de Setúbal", declarou hoje o primeiro-ministro, à margem de uma visita no Porto.
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Luís Montenegro respondia sobre a possibilidade da saída de médicos do SNS, após a ministra da Saúde ter revelado, na quarta-feira, a criação de uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal com o Hospital Garcia da Horta, em Almada, a funcionar em permanência, obrigando à deslocação de alguns profissionais.
"Nós estamos a diligenciar com o máximo de prioridade no sentido de assegurar que em todo o país há uma resposta, nomeadamente na área da ginecologia e da obstetrícia, em termos de urgências", respondeu o primeiro-ministro, que ressalvou que "a larguíssima maioria do país não tem tido problemas nesse domínio".
Acreditando que é preciso "medidas muito específicas para dar uma resposta e para tranquilizar as famílias daquela região [Setúbal]", Luís Montenegro considerou que, "não entrando num processo que está a ser neste momento conduzido com vista a consensualizar e encontrar a melhor solução", o Governo tem que "cumprir a sua responsabilidade".
"Nós temos de ter uma resposta. E portanto, teremos de fazer o esforço máximo para garantir condições de igualdade em todo o território (...) Acho que as portuguesas e os portugueses compreendem que nós temos de esgotar todas as possibilidades para encontrar uma solução", declarou.
Na quarta-feira, a ministra da Saúde disse que para criarem uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, é preciso negociar com os sindicatos e falar com as ordens dos Médicos e dos Enfermeiros, uma vez que o Governo já tem a legislação pronta.
Ana Paula Martins sublinhou as horas de trabalho médico que seriam necessárias para assegurar a abertura permanente das 39 urgências do país.
A governante explicou que para a criação desta urgência regional serão necessárias, no Hospital Garcia de Orta, sete equipas completas e três com prestação à tarefa e, para isso, terá de ser encontrado "um modelo de contratação com mais compromissos".
"Estamos a legislar nesse sentido, assim como para ter suplementos remuneratórios associados à mobilidade destes profissionais", afirmou, referindo que tem que ser discutido com os sindicatos um "modelo de contratação".
Segundo a ministra, a mobilidade dos profissionais irá ter impacto na suas vidas e, como tal, terão de ter "todas as condições".
"Um médico, um enfermeiro, um técnico, são equipas inteiras, que trabalham em Setúbal, quando tiverem que se deslocalizar para vir para o Hospital Garcia de Horta, a vida deles é afetada, como qualquer um de nós que tem de mudar a sua rotina", elucidou.
"Terão todas as condições, mas têm de ir para outro sítio. E nós temos de ser capazes também de ter empatia por estas situações e também, no fundo, dizer-lhes: a vossa missão está lá, mas não vão ganhar menos do que aqueles que estão ao vosso lado e que prestam serviço à tarefa, apesar de serem muito importantes também para nós neste momento", salientou.