A diretora-geral de Saúde advertiu, nesta terça-feira, que "há sempre a hipótese de importar casos" de poliomielite "e, a partir dessa reintrodução no nosso país virem a desenvolver-se focos da doença, que está eliminada na Europa".
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Graça Freitas, que falava no encerramento de uma conferência sobre "O contributo da vacinação para um envelhecimento saudável em Portugal", referia-se ao reaparecimento de poliomielite em Moçambique, anunciado na semana passada pelo escritório africano da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Trata-se do primeiro caso naquele país desde 1992, segundo a OMS, que não detetou situações de propagação da doença, pois testes a três contactos tiveram resultado negativo. A sequenciação permitiu associar a infeção a uma variante que circulava no Paquistão em 2019, como aconteceu noutro caso relatado pelo Maláui em fevereiro.
Segundo a OMS, os dois casos não afetam a certificação de que África se encontra livre do poliovírus selvagem desde agosto de 2020, mas o surto no país vizinho fez Moçambique realizar duas campanhas de vacinação abrangendo 4,2 milhões de crianças.
A poliomielite, que está eliminada em Portugal, é uma doença infeciosa sem cura que afeta sobretudo as crianças com menos de cinco anos, podendo provocar, nalguns casos, a paralisia de membros, e só pode ser prevenida com a vacina.
Graça Freitas invocou o caso moçambicano para ilustrar a afirmação de que "é necessário lutar pela continuidade e sustentabilidade do processo de vacinação e estarmos sempre atentos à reemergência de velhas ameaças", pontuando: "Soube há pouco tempo - e fiquei muito triste - que em Moçambique reemergiu poliomielite e, portanto, há sempre a hipótese de importar casos".
"Vamos continuar a lutar pelo legado da vacinação para a vida e ao longo da vida", enfatizou, apontando os exemplos das vacinas contra o tétano e a difteria, aplicáveis durante a vida.