Portugal importa da Ucrânia uma parte do óleo de girassol que vende. Tanto que algumas grandes superfícies comerciais portuguesas, como o Continente e a Mercadona, já estão a racionar a venda de óleo de girassol aos consumidores.
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No caso da primeira, só é permitido comprar três unidades do produto. No caso da segunda, as ordens apontam para três litros.
Segundo uma orientação interna a que o JN teve acesso, as lojas Continente foram instruídas a "limitar para três unidades, por ato de compra", a venda de óleos alimentares. A empresa justificou a medida com "o aumento acentuado na procura" que a cadeia de supermercados tem vindo a sentir "nos últimos dias".
A limitação vai vigorar até ao final do mês, sendo aplicada a "todas as marcas de óleo, incluindo marca própria". Contactada pelo JN, a Sonae, proprietária do Continente, remeteu esclarecimentos para a Associação Portuguesa de Empresa de Distribuição (APED), da qual não foi possível obter uma posição até ao fecho desta edição.
No caso da Mercadona, fonte oficial da cadeia espanhola que tem várias lojas em Portugal confirmou que o racionamento está em vigor, apenas para "óleo de girassol", sem adiantar previsão do término. O certo é que também em Espanha já muitos supermercados começaram a racionar o produto e a impor limites à quantidade de garrafas que pode ser vendida por cliente. No dia 4, a ASEDAS, associação espanhola de distribuidores alimentares, confirmou a medida, em comunicado, adiantando que a mesma foi tomada devido "ao comportamento atípico do consumidor" na procura daquele produto.
Por cá, ao que tudo indica, ainda nem todas as cadeias portuguesas estão a limitar a venda de produtos. Questionado sobre um eventual racionamento nos entrepostos de distribuição, o Lidl Portugal garantiu que o trabalho "decorre dentro do que é habitual, não havendo racionamento na distribuição para as lojas".
Em causa estarão preocupações com o futuro do abastecimento de óleo, uma vez que a Ucrânia é um dos maiores produtores de sementes de girassol.
A sementeira do girassol é feita em março. Consequentemente, a guerra no país poderá colocar em causa a próxima colheita.
O Lidl tem sentido um "aumento do consumo de bens não perecíveis". Mas atribui essa procura ao "espírito solidário da população portuguesa para com a Ucrânia" e garante que a mesma "não tem tido reflexo" no abastecimento dos pontos de venda.