A entrega de um bebé para adoção à nascença está contemplada na lei e, por vezes, essa decisão é tomada logo após o parto no hospital. Nos últimos dois anos (2020 e 2021), houve, pelo menos, 15 casos de cedência de recém-nascidos para a adoção.
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Numa ronda do JN pelos principais hospitais do Serviço Nacional de Saúde, apurou-se que, no primeiro ano da pandemia de covid-19, houve nove mães no Hospital Fernando Fonseca, em Amadora-Sintra (quatro casos) e nos centros hospitalares de Coimbra (um caso), de Lisboa Central (dois) e de Lisboa Norte (dois) que confiaram os seus bebés a pais adotivos.
No ano seguinte, a entrega de recém-nascidos para a adoção foi decidida por seis parturientes das unidades hospitalares de Coimbra e de Amadora-Sintra. Também o Centro Hospitalar de Gaia/Espinho reporta um caso de uma jovem estudante (que vivenciou uma gravidez indesejada), mas não indica o ano em que essa doação foi decidida.
diagnóstico precoce
De facto, uma das principais razões apontadas pelos hospitais é a gravidez indesejada e não planeada. A falta de condições socioeconómicas, associada à ausência de suporte familiar, também justifica a decisão das mães, muitas vezes jovens.
Ao JN, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra dá conta que as equipas de serviço social procedem ao diagnóstico de situações de "forte vulnerabilidade social". Caso concluam que existem "fatores de perigo que podem comprometer a vida e o normal desenvolvimento do recém-nascido", participam a situação às comissões de proteção de crianças e jovens e aos tribunais de família. v