Paralisação nacional de amanhã abrange todos os setores e arranca já esta noite. Transportes, piscinas e tesourarias também serão afetados.
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A greve nacional da Função Pública vai encerrar amanhã escolas um pouco por todo o país, bem como adiar consultas e deixar por recolher o lixo onde o serviço é municipalizado, já a partir desta noite. Os transportes escolares e urbanos também serão afetados. Dulce Pereira volta a fazer greve e crê que a escola básica onde trabalha em Matosinhos estará novamente fechada porque, "exceto um ou dois", conta que todos os outros assistentes operacionais vão aderir. Esta é também a função de Sara Guadalupe, assistente do 1.º Ciclo em Amarante, que está sempre "na linha da frente" do protesto.
A Frente Comum, afeta à CGTP, escolheu o Hospital de São José, em Lisboa, para fazer, às zero horas, o arranque da paralisação, que é acompanhada dos pré-avisos por parte dos médicos, enfermeiros e professores.
A uma semana da votação final do Orçamento do Estado para 2023, a greve da Administração Pública tem como bandeiras a defesa dos serviços públicos, a valorização das carreiras e o direito à progressão salarial.
"Baseado na simpatia"
"Estão todos os setores abrangidos", disse ao JN Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, que se demarcou do acordo entre Governo e UGT, exigindo uma atualização de 10% em 2023, com o mínimo de cem euros por trabalhador (em vez de 2% ou 52 euros).
Dulce Pereira, que trabalha para a Câmara de Matosinhos na Escola Básica da Quinta de São Gens, destacou ao JN que "a carreira de assistente operacional passa de 705 para 757 euros". Aos 61 anos, lamenta que ganhe "tanto como quem entra agora", denunciando um sistema de avaliação que "não é justo", mas baseado "na simpatia". "Faço greve desde o primeiro dia que entrei para as escolas, em 2009. " Conta que a sua escola "já tem fechado noutras greves".
Na escola de Sara Guadalupe, a paralisação coincide com a pausa intercalar de avaliação. Por isso, "o protesto terá pouco impacto neste agrupamento, mas no resto do país não". Diz ter colegas que alegam não fazer greve porque não se podem dar ao "luxo" de perder um dia de salário: cerca de 23,5 euros. Em janeiro, vai ganhar "761,58 euros brutos, mais 51,58" que diz não chegarem para a luz e o gás.
Na Saúde, a Federação Nacional dos Médicos emitiu um pré-aviso para que possam acompanhar a greve da Administração Pública. Ao JN, o presidente, Noel Carrilho, disse prever o adiamento de consultas externas e restantes cuidados, exceto os previstos nos serviços mínimos, como urgências e oncologia. Mas, "tradicionalmente, o impacto não é tão grande" como nas greves "com caderno reivindicativo próprio" do setor.
José Correia, presidente do STAL, que representa os trabalhadores da Administração Local, destacou ao JN a greve no serviço noturno da recolha do lixo, incluindo turnos a partir das 20 horas de hoje e "sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa". "Muitos transportes escolares e urbanos" vão parar, bem como "bibliotecas, piscinas e tesourarias de câmaras".