A greve nos serviços de saúde do Algarve está esta quinta-feira a afetar os serviços de urgência, consultas externas e o funcionamento do bloco operatório do hospital de Faro, disseram fontes dos sindicatos que convocaram a paralisação.
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No caso dos enfermeiros, segundo Alda Pereira, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a adesão à greve ronda os 80% e, no bloco operatório, a adesão é de 100%, com o cancelamento de todas as cirurgias programadas e só estando a ser realizadas cirurgias oncológicas.
Já Rosa Franco, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas, referiu, numa conferência de imprensa em Faro que reuniu os representantes, haver "bastantes serviços afetados", embora os serviços mínimos estejam garantidos, como é exigido por lei.
"Os serviços que estão afetados e com adesões fortes são a Urgência, que está caótica, as consultas externas, que têm muitos balcões encerrados e sem consultas, a Radiologia, a UCI [Unidade de Cuidados Intensivos] e a UCA [Unidade de Cirurgia Ambulatória]", em que as cirurgias estão a ser canceladas, indicou.
A adesão dos médicos à greve ronda os 60%, com várias Unidades de Saúde Familiar (USF) encerradas em Faro e em Loulé, disse André Gomes, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.
Segundo o dirigente sindical, regista-se uma "boa adesão" também da parte dos médicos à paralisação, o que, juntando aos enfermeiros e aos trabalhadores do regime geral, resulta numa participação geral de 70% a 80%.
"A saúde no Algarve está hoje paralisada. A nível do hospital de Faro, o serviço de urgência e o bloco operatório estão a funcionar em serviços mínimos. O serviço de urgência até poderia dizer abaixo dos serviços mínimos, que infelizmente é o padrão normal daquilo que se passa no Algarve" referiu.
Em Faro, pelo menos duas Unidades de Saúde Familiar aderiram a 100% à greve e outras, não estando encerradas, também têm alguns profissionais em falta, acrescentou.
Questionado pelos jornalistas sobre se considerava responsável marcar uma greve no Algarve no mês de agosto, o sindicalista respondeu que a greve é sempre responsável, desde que seja essa a vontade dos trabalhadores.
"Estão assegurados os serviços mínimos e, conforme nós dissemos e também o anunciámos a semana passada, isto é um alerta definitivo para o Governo, porque depois de anos de tentativas de negociação, depois de anos de alertas, ora bem, se nada funcionou, temos que avançar para medidas um pouco mais efetivas", afirmou.
Segundo Rosa Franco, devido à greve de hoje, os auxiliares do serviço de urgência, por exemplo, estão abaixo dos mínimos exigidos para o rácio: deveriam estar 11 escalados e estão seis.
"Posso dar exemplos de colegas que ontem [quarta-feira] tiveram que seguir turno para a noite para garantirem o serviço", exemplificou.
Alda Pereira, do SEP, referiu, por seu turno, que uma boa adesão à greve significa que os profissionais "querem soluções, querem sentir-se acarinhados e motivados", além de quererem ver satisfeitas as suas reivindicações, nomeadamente a contratação de mais trabalhadores.
A sindicalista apontou como um dos problemas para fixar profissionais o custo de morar no Algarve, sublinhando que é preciso haver incentivos nesse sentido e lembrando ainda as dívidas que a Unidade Local de Saúde (ULS) tem para os trabalhadores, como os retroativos desde 2018 e as horas e dias trabalhados em feriados e folgas, "que não são majorados no seu pagamento".
A greve, marcada para entre as 0.00 horas e as 24 horas, abrange todos os profissionais da saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região (correspondente ao distrito de Faro), que exigem, entre outras reivindicações, a contratação de mais pessoal para travar o desgaste a que dizem estar a ser sujeitos.