Grupo VITA enviou 14 casos de abusos sexuais na Igreja para o Ministério Público
Dos 62 pedidos de ajuda que chegaram ao Grupo VITA em cinco meses, 14 casos de abusos sexuais na Igreja foram enviados para o Ministério Público e 41 à Igreja, revelou, em comunicado, o Grupo VITA, que apoia pessoas vítimas deste crime.
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O Grupo VITA, em funcionamento há cinco meses, diz que realizou “42 atendimentos, presenciais e online, por forma a recolher informação que permita, depois, a devida sinalização e encaminhamento para as entidades competentes”. Até agora, enviou 14 casos de abusos sexuais na Igreja ao Ministério Público e 41 às Comissões Diocesanas.
A coordenadora do Grupo VITA, Rute Agulhas, esclareceu ao JN que apenas não remetem os casos à Procuradoria-Geral da República “quando o suspeito faleceu ou quando já decorreu o processo penal previamente”, o que explica a discrepância dos números enviados às duas entidades.
A estrutura criada para apoiar vítimas de abusos sexuais depois da Comissão Independente cessar funções avança ainda que já recebeu “62 pedidos de ajuda” e que “existe um processo gradual de confiança por parte de quem nos pede ajuda”, estando neste momento doze vítimas a beneficiar de apoio psicológico e outras duas de psiquiátrico.
A maioria dos pedidos são de “pessoas adultas que terão sido vítimas de violência sexual na infância ou adolescência, existindo também situações de pessoas especialmente vulneráveis e algumas situações mais recentes” e “observa-se um equilíbrio em termos de género, variando a idade entre os 16 e os 75 anos”. “Apelamos a que mais pessoas peçam ajuda. Estamos aqui para as escutar, acompanhar e encaminhar”, apela.
O Grupo VITA diz que tem investido na realização de ações de sensibilização e formação das diversas estruturas eclesiásticas e apesar de fazer “um balanço positivo” reconhece que "este é um caminho sinuoso". “Temos enfrentado algumas dificuldades, especialmente duas relacionadas com o facto de ser necessário melhorar processos de comunicação e de articulação com algumas estruturas eclesiásticas”, admite.
O “Manual de Prevenção de Violência Sexual no Contexto da Igreja Católica em Portugal” encontra-se em fase de elaboração e será apresentado publicamente, a par do primeiro relatório de atividades, no próximo dia 12 de dezembro.