Instituições alertam que cães e gatos "não são prendas" e querem prevenir possíveis devoluções após época festiva. Há mesmo quem peça para receber o animal na consoada.
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A dez dias da noite de consoada, o Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu fecha a porta a adoções. É assim há cerca de uma década, após um ano em que alguns dos animais adotados na associação foram devolvidos depois do Natal. O cenário é semelhante noutras associações do país. Não só para prevenir possíveis devoluções em janeiro, como para sensibilizar que os animais "não são prendas" e que a decisão de adotar deve ser tomada de forma consciente.
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A par da instituição de Viseu, a Sociedade Protetora dos Animais do Porto já anunciou nas suas redes sociais a suspensão das adoções até 2 de janeiro. "Este Natal, não ofereça um animal. Não são brinquedos", lê-se na publicação feita no Facebook. O mesmo acontece no Centro de Recolha Oficial de Animais do Porto. Em Matosinhos, a Midas também não entrega animais no Natal. Rumo a Sul, no Cantinho da Milú, não são dados cachorros nesta época.
Pelo país, há ainda associações que, apesar de não fecharem a porta a adoções, admitem estar mais atentas quanto às motivações de quem procura animais. É o caso da associação Projeto JAVA, na Lourinhã. "Se disserem ou percebermos que querem adotar para uma prenda, não damos hipótese porque sabemos que vai correr mal", referiu Paula Costa, responsável pelo canil, sublinhando: "os animais não são prendas de Natal".
Entre as associações, há relatos de quem peça para que um cão ou gato seja entregue na véspera de Natal. "As pessoas começam nas vésperas de Natal a pedir animais para a noite. Isso não fazemos. Já nos pediram para entregar o animal no dia 24, às 23 horas, porque não tinham onde o esconder", recordou Lígia Andrade, presidente da Direção da associação Midas, afirmando: "Não damos nenhum animal como presente de Natal".
Procura por cachorros
Para Lígia Andrade, a noite da consoada pode não ser a melhor altura para levar um animal para casa. "Por norma, é uma noite em que há muita confusão em casa. Quando o animal vai para uma casa, precisa de sossego e de conhecer o espaço", explicou a responsável.
No Cantinho dos Animais Abandonados de Viseu, que dá abrigo a mais de 500 cães e gatos, apesar de as adoções estarem suspensas, as visitas à instituição mantêm-se. "Se gostarem de algum dos cães, fica guardado até dia 15 de janeiro", explicou Ana Vaz. No entanto, conta, há quem assine o termo de responsabilidade para a adoção e, passado o Natal, não dê continuidade ao processo.
"Passou o Natal, já não interessa", lamentou Ana Vaz, alertando que os animais "sofrem" com o abandono.
Em Setúbal, no Cantinho da Milú, a época de Natal faz subir a procura por cachorros. Ainda assim, Maria Emília Silva reconhece que a procura já foi maior. As adoções de bebés na instituição estão suspensas até ao fim do ano. "Há pessoas que já tentaram reservar para vir buscar no dia 24", contou.
No Porto, com o objetivo de sensibilizar para uma adoção responsável, também o Centro de Recolha Oficial de Animais suspendeu as adoções até 10 de janeiro. A Autarquia revelou ter conhecimento de que alguns adotantes que recorrem à instituição "procuram adotar animais com o objetivo de os oferecer como presente nesta época". "Queremos sensibilizar para uma adoção responsável, para que os animais não sejam vistos como um presente", justificou a Câmara do Porto.
Saber Mais
Associação de Cascais lança alerta
O Centro de Proteção Animal de Cascais lançou uma campanha para alertar "para os perigos da adoção de animais por impulso", que "acabam devolvidos quando a adoção não é feita de forma responsável".
Campanha de apadrinhamento
A Midas abriu uma campanha de apadrinhamento pontual de Natal, que pressupõe a contribuição de 10 euros por cada patudo apadrinhado, garantindo-lhe assim um mês de ração.