Até a nascente de Azibeiro secou. Macedo e Mogadouro com planos de mitigação em curso.
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Não há memória de uma seca tão forte e prolongada em Trás-os-Montes. Até a nascente de Azibeiro, na União das Freguesias de Podence e Santa Combinha, em Macedo de Cavaleiros, esvaziou. Há duas semanas que a aldeia passou a ser abastecida com água da albufeira do Azibo, transportada em autotanques dos bombeiros.
"A situação é histórica. Nunca antes esta nascente, que é muito forte, tinha falhado", explica João Alves, presidente da Junta, que foi apanhado de surpresa pela falta de água. "Em duas ocasiões, os 30 habitantes da localidade abriam a torneira e não saía nada ao final do dia. Fechamos a distribuição durante a noite para recuperar a captação, mas a nascente não tem força", refere o autarca.
No concelho de Macedo de Cavaleiros há nove aldeias, segundo Rui Vilarinho, vice-presidente da Câmara, cujas captações são reforçadas por autotanques há mais de um mês. "Temos mais três ou quatro localidades a chegar à situação crítica e vão precisar que lhes levemos a água. Os autotanques dos bombeiros transportam 20 mil metros cúbicos, mas é preciso abastecer a cada dois dias. A situação vai agravar-se em agosto, quando o consumo aumenta com o regresso dos emigrantes", realça o autarca.
Aliviar os bombeiros
A albufeira do Azibo tem água em quantidade, o que dá alguma tranquilidade ao Executivo Municipal, que vai adquirir um autotanque para aliviar os bombeiros. Os veículos da corporação estão integrados no dispositivo de combate aos incêndios florestais. "O transporte de água ocupa vários meios humanos, materiais e muito tempo. Temos três veículos só para ir levar a água, mas precisamos deles para o combate aos fogos", conta João Venceslau, comandante dos Bombeiros de Macedo de Cavaleiros.
Em Mogadouro, antes que a água faltasse nas torneiras, o município pôs em marcha um plano de reforço das nascentes das localidades mais pequenas, várias com explorações agropecuárias. Atualmente, há 15 aldeias que estão a ser abastecidas diariamente por cisternas, como Vilarinho dos Galegos, Ventozelo e Vila de Ala. Mas a maioria só carece de reforço duas ou três vezes por semana.
Outro concelho em grandes dificuldades é o de Carrazeda de Ansiães, onde a barragem de Fonte Longa já estava em estado crítico antes do verão. A Câmara quer ir buscar água ao Tua, a partir de agosto, e tem uma estratégia de mitigação.
Em Alfândega da Fé, a barragem de Sambade só tem 35% do volume habitual. Fonte da Câmara garante que deve chegar até ao final do ano. Ainda assim, estão a recorrer às albufeiras destinadas ao regadio, como a de Estevainha.
Em Alijó, o gabinete de comunicação indicou que "pontualmente estão a levar água a algumas aldeias" e têm em marcha uma campanha para sensibilizar para a poupança.