Comissões diocesanas garantem que, além das vítimas, há sacerdotes e responsáveis paroquiais que estão a pedir ajuda psicológica e psiquiatra.
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Após novas denúncias, estão a ser suspensos de funções sacerdotes e leigos com responsabilidades paroquiais por suspeitas de abusos sexuais. A informação, avançada ao JN por Paula Margarido, secretária da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores, revela ainda que continuam a chegar denúncias de abusos sexuais perpetrados por sacerdotes e por leigos bem como pedidos de apoio psicológico e psiquiátrico por parte de abusadores ou "potenciais abusadores". "É a nova realidade das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores", afirmou.
A suspensão de sacerdotes e leigos está a ser feita "por cada diocese, sem notícia pública". "As comunidades sabem dos afastamentos porque deixam de ver as pessoas a participar na vida paroquial", refere Paula Margarido, garantindo que "em caso de dúvida, a resposta será sempre suspender provisoriamente as pessoas para que se apure a verdade".
Ainda sem números oficiais, desde que a Comissão Independente divulgou o seu relatório, as comissões de Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis existentes em todas as dioceses portuguesas já receberam perto de quarenta queixas que "foram encaminhadas para o Ministério Público".
Apoio a nível local
A crescer estão também as solicitações para consultas de psicologia e psiquiatria. A prometida bolsa nacional de profissionais de saúde mental acabou por não ser constituída porque cada diocese está a encontrar soluções locais. "Percebemos que não é necessário criar uma rede nacional porque, localmente, o apoio está a ser prestado", afirmou Paula Margarido.
Além das vítimas, há sacerdotes e leigos acusados de abusos que estão a pedir ajuda e estão a ter consultas. "Alguns casos que nos chegam a solicitar ajuda são de pessoas que, embora afirmem que não cometeram qualquer ato e não tendo sido visadas em nenhuma denúncia, sentem que precisam de apoio", salientou a secretária da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores.
A perceção dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Portugal mudou no dia 13 de fevereiro deste ano, aquando da apresentação do relatório elaborado pela Comissão Independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht. O organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) revelou a existência de 512 denúncias de abuso, levando a uma extrapolação para a existência de um número mínimo de 4.815 vítimas.