Com menos novos casos, enfermarias retomam funções e horários são alargados para a atividade não urgente.
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O aliviar da pandemia já está a permitir a alguns hospitais retomar, de forma faseada, a atividade assistencial não urgente e há quem recorra aos fins de semana para "rentabilizar meios" e dar resposta às doenças não covid. É o caso do Centro Hospitalar Universitário de S. João, no Porto, que tem estado a operar de forma programada durante os sete dias da semana. Os feriados estão incluídos na jornada laboral. Em Braga, há ainda cirurgias e consultas depois das 20 horas nos dias úteis. Gaia e Coimbra também admitem alargar horários de trabalho para recuperar a atividade em atraso. O cenário é idêntico no sul.
Por todo o país, ainda que de forma tímida, com a diminuição do número de doentes internados por covid, as enfermarias começam a regressar às suas funções originais. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (que congrega os hospitais de São José e Curry Cabral, entre outros) está "em fase de reversão de serviços afetos à covid" e vai focar a retoma nas áreas da neurocirurgia, ortopedia e algumas subespecialidades de cirurgia geral, uma vez que a atividade prioritária e oncológica foi garantida durante o período crítico da pandemia.
Já o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (que inclui o Santa Maria) iniciou agora a atividade médica ou cirúrgica programada e prioritária. A expectativa é que, mantendo-se a quebra na procura, "dentro de duas a três semanas", a atividade menos prioritária também conheça uma "importante recuperação".
São João ajuda outros
Nos Hospitais do Algarve, há cerca de duas semanas foi retomada a atividade não urgente com enfoque nas listas de espera. Coimbra, onde esteve "o maior dispositivo covid do país com cerca de 500 camas", segue a mesma linha. As prioridades são as consultas e as operações que, não sendo urgentes, foram suspensas. A atividade de oncologia - cirurgias e hospital de dia - foi acautelada durante a terceira vaga.
Mais a Norte, com a redução de internamentos nas últimas duas semanas, o Hospital de Gaia regressou aos "níveis de atividade mais próximos do habitual", no que diz respeito à cirurgia programada convencional, onde se centram agora os "maiores esforços" por ter sido "a linha mais afetada" pelo aumento de contágios no início do ano.
Também no Santo António, as enfermarias de cirurgia estão a retomar a sua função. No entanto, "as unidades intensivas ainda mantêm uma ocupação elevada", impossibilitando "a retoma abrupta". Apesar da "produção clínica convencional nunca ter parado em nenhuma área", o hospital registou "uma quebra global de cerca de 15 a 20%" nas cirurgias. Em janeiro, no pico da pandemia, operaram-se 3165 pessoas, menos 622 do que no período homólogo.
Já o Hospital de S. João encontra-se "a receber doentes de outras instituições do Serviço Nacional de Saúde para serem operados". Durante a terceira vaga, nunca parou as consultas nem as cirurgias prioritárias, muito prioritárias, urgentes e em ambulatório. Foram ainda tratados "outros pacientes cuja situação se degradou, evitando o compromisso clínico, nomeadamente doentes da cirurgia cardíaca, vascular ou neurológica".
Outros casos
Amadora-Sintra
Mantém o nível máximo do plano de contingência, tendo o pico de doentes internados com covid nos cuidados intensivos sido atingido há duas semanas. Das 10 enfermarias alocadas à covid-19, três foram reconvertidas, bem como uma de cuidados intensivos.
Braga
No início do ano, contratualizou 8215 cirurgias de várias especialidades a vários hospitais privados e sociais para serem feitas até final do ano. As operações são feitas pelos cirurgiões do Hospital de Braga.
Matosinhos
A atividade cirúrgica no Pedro Hispano está a funcionar a 75% da capacidade total. Na terceira vaga, de uma média de 220 cirurgias à semana passou para 160 devido à necessidade de reorganização de algumas áreas para responder à covid.
Mais dados
Menos 1,3 milhões de consultas hospitalares e de centros de saúde realizadas em 2020 face a 2019. E foram feitas menos 151 mil cirurgias.
Menos espera
O S. João teve uma redução de 55% na lista de espera para consulta entre janeiro de 2021 e janeiro de 2020. A espera para operações atingiu o valor mais baixo dos últimos 10 anos.