Quartos do Intercontinental só são usados 42 horas depois de check-out. Suítes do Sheraton Porto e BessaHotel passam a ser usadas como escritórios.
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Num ano difícil para o setor da hotelaria, repleto de perdas, têm sobrevivido os hotéis que foram capazes de ir mais além e tiveram capacidade de se reinventar. Ora no destino que passaram a dar a espaços que até agora permaneciam vazios, transformando, por exemplo, quartos em salas de reuniões, ora nas novas opções que têm ao dispor do cliente, como a entrega de refeições por takeaway, garantindo a "máxima segurança".
Foi a pensar nisso que, desde que o Hotel Intercontinental - Palácio das Cardosas, no Porto, reabriu em julho (tinha encerrado no início de abril por falta de clientes), passou a dispor, por opção, de apenas metade da capacidade de alojamento, permitindo que cada quarto só volte a ser ocupado 48 horas depois do "check-out".
Na prática, o alojamento fica 24 horas "em repouso" e só no dia seguinte é feita a higiene do espaço, "garantindo todas as regras de segurança", referiu Carlos Teixeira, diretor do departamento de comidas e bebidas do Intercontinental.
Já noutros casos, como no Sheraton Porto Hotel & Spa, suites foram transformadas em escritórios de trabalho, foi criado um estúdio digital e ainda camarotes para assistir a eventos desportivos.
Tem sido um exercício de "resiliência e criatividade", confessou Joana Almeida, diretora do Sheraton Porto, salientando que tem já empresas "a pedir os espaços por mais dois ou três meses". Também no restaurante foi criado o serviço de take & share", levando a casa dos clientes alguns dos pratos mais apreciados.
No BessaHotel, a proposta passa por oferecer ao cliente a possibilidade de transformar o quarto de hotel em escritório, 10 horas por dia, com check-in a partir das 8 horas e check-out até às 18 horas. Os preços variam entre os 50 euros por dia até aos 950 euros por mês.
"Balão de oxigénio"
Outra forma de atrair público aos hotéis será por estes dias manter as já tradicionais ceias de Natal e de Ano Novo. No Intercontinental e no Holiday Inn Porto Gaia está tudo a ser preparado ao detalhe, possibilitando também ao cliente a entrega por takeaway ou receber o menu comodamente em casa.
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal acredita que as ceias possam servir como "um pequeno balão de oxigénio" para os hotéis, uma vez que em termos de alojamento "as reservas foram esmagadoramente canceladas".
Tendo em conta esta realidade, o Sheraton Lisboa Hotel &Spa decidiu criar umas caixas que incluem experiências de provas de vinhos, gastronomia e entretenimento, transportando alguns serviços da unidade hoteleira para a casa dos clientes.
"Devido ao aumento de casos de covid-19 e a consequente implementação de novas restrições aos ajuntamentos, começamos a perceber que não seria possível organizarmos as festas corporativas que preparamos todos os anos. Foi neste contexto que nasceram as "Share - Sheraton Experiences"", umas caixas que esperamos que tragam momentos únicos, daqueles que estamos habituamos a criar dentro das nossas portas", referiu Thierry Henrot, diretor-geral do hotel.
Hotel de cinco estrelas vai dispor de takeaway para o Natal e Ano Novo
Tempos houve em que o Intercontinental - Palácio das Cardosas, no Porto, serviu em plena ceia de Natal cerca de 150 refeições. As contas este ano serão outras, em resultado da pandemia, mas nem por isso o hotel deixará de realizar as ceias de Natal e de Ano Novo, até porque, como explicou, ao JN, Raquel Queirós, diretora de operação, é um sinal de que podem "continuar a oferecer um serviço com toda a segurança".
E notam-se logo as diferenças mal chegamos à sala ampla onde agora são feitas as refeições. Com o encerramento do restaurante Astória, foi feita uma remodelação do espaço. Em janeiro, chegarão obras também ali, passando o hotel a contar depois com "duas cozinhas e dois bares", disse Carlos Teixeira, diretor do setor de comidas e bebidas, que por estes dias já tem os menus especiais todos na cabeça.
"Não faltará o bacalhau com todos, o polvo assado, o cabrito, o peru inteiro ou recheado e as tradicionais sobremesas de Natal", descreveu Carlos, mencionando que o mesmo menu será opção no dia 25.
Só que este ano, por causa das restrições provocadas pela pandemia, a sala de jantar do Intercontinental "só poderá ter uma capacidade máxima de 40 pessoas e em grupos que não poderão exceder as seis pessoas".
Hotel leva menu a casa
Mas, por conta disso, o hotel vai dispor também a ceia em serviço de takeaway, podendo o cliente levantar a refeição, ou comodamente recebê-la em casa via Uber Eats ou, através de um serviço de entrega do hotel.
Métodos que já são usados diariamente na unidade hoteleira, mas que no Natal, nas entregas feitas pelo hotel, terá um custo adicional da taxa de serviço, que pode variar entre os 5 e os 15 euros. "As entregas serão feitas de Espinho a Matosinhos e as reservas têm de chegar até dia 22", diz Carlos Teixeira. Já os preços, para duas pessoas, começam nos 25 euros e com tudo incluído podem chegar aos 45 euros".
Raquel lembra que na ceia de Natal o hotel continuará a dispor "do pacote alojamento mais jantar, por 325 euros, para duas pessoas". "As primeiras reservas ficarão por 322", garantiu.
Na passagem de ano os preços sobem para os 576 euros para duas pessoas, com direito a jantar e alojamento. Os clientes poderão apreciar sete pratos com "a harmonização" do mesmo número de vinhos, e ainda ter direito a música ao vivo e fogo de artifício no próprio hotel.
No dia 1, o menu de almoço rondará os 65 euros por pessoa. Neste dia, o takeaway "será um normal de brunch, em que cinco itens têm um custo de 24,50 euros", referiu Carlos, concluindo que têm tido "algum retorno" com as entregas de comida, mas estas são apenas "um complemento" do serviço prestado pelo hotel.