"Houve oportunismo político" no agendamento da lei de estrangeiros, diz Carneiro
O líder socialista acusou esta quarta-feira o Governo de "oportunismo político" no agendamento da nova lei dos estrangeiros para o período das autárquicas, considerando que aquilo que "faz fortes os partidos" são prioridades certas como diz serem as do PS.
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A bordo de um comboio entre Sintra e Lisboa, uma viagem que fez de madrugada no segundo dia oficial de campanha para as eleições autárquicas, José Luís Carneiro foi questionado pelos jornalistas sobre o facto de a nova lei dos estrangeiros ter sido aprovada em acordo do PSD com Chega e deixando de fora o PS.
"Do meu ponto de vista, houve um oportunismo político na forma como o governo agendou esse tema para a altura das eleições autárquicas, ou seja, quis precisamente que acontecesse aquilo que o senhor está a fazer", respondeu.
Questionado sobre se a forma como este "dossier" culminou não resulta numa fraqueza para o PS em período eleitoral, o líder socialista respondeu que "o que faz forte os partidos é terem as prioridades certas" e que "o PS está com as prioridades certas".
"Muitas das vezes criam-se, digamos, estratagemas para instrumentalizar as pessoas para aquilo que não é a questão central", criticou.
Segundo Carneiro, o PS tem nas suas prioridades os direitos laborais, a valorização das políticas de habitação, de saúde, dos salários e dos rendimentos das pessoas.
O secretário-geral do PS insistiu que "todos os inquéritos de opinião" apontam como as principais preocupações das pessoas a habitação, a saúde, os rendimentos, os transportes e a mobilidade e a qualidade de espaço e o sentimento de segurança.
"Andar para trás" nos direitos laborais
José Luís Carneiro acusou ainda o Governo de "tentar andar para trás" na agenda para o trabalho digno com as alterações laborais.
"Este percurso que estou a fazer aqui na linha de Sintra é um percurso para falar da agenda para o trabalho digno", disse a bordo aos jornalistas e já depois de ter falado com alguns dos passageiros num comboio que ainda tinha lugares àquela hora.
Segundo o secretário-geral do PS, "todos os dias utilizam esta linha mais de 130 mil pessoas", entre as quais "milhares de pessoas que trabalham nas limpezas para garantir uma sociedade que funciona".
"E o Governo está a tentar andar para trás na agenda para o trabalho digno, lançando na informalidade milhares de trabalhadores que têm nesta agenda a sua proteção, a proteção da sua dignidade", acusou. Para Carneiro, Portugal "como país decente e como sociedade decente", tem o dever de se "levantar e colocar esses temas na agenda mediática, porque isso é aquilo que interessa à vida das pessoas".