"Buraco" do PS tem diminuído, mas ainda ronda os três milhões de euros. PCP e PSD registaram maiores lucros em 2021 e têm finanças mais saudáveis.
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O PS foi o terceiro partido - atrás de PCP e PSD - a registar mais lucros em 2021, com 353 mil euros, mas tarda em conseguir equilibrar o passivo. O "buraco" socialista ainda ascende a quase 3 milhões de euros, situação que Luís Patrão, secretário nacional para a administração do PS, estima que demore "mais dois ou três anos" a corrigir por completo. Segundo as contas dos partidos entregues na Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, PCP e PSD foram os partidos com mais lucros (1,67 milhões de euros no caso dos comunistas e 976 mil no dos sociais-democratas), com CDS e BE a registarem prejuízos.
"É preciso enquadrar a questão do passivo", refere Luís Patrão, lembrando que este "já foi de 7 milhões" e que desceu "consistentemente" desde que António Costa se tornou líder. "Todos os anos, sem exceção, temos vindo a reduzir o passivo", sublinha. Em 2020 o "buraco" tinha sido de 3,26 milhões, mais cerca de 390 mil euros do que em 2021.
Patrão estima que o PS precise de "mais dois ou três anos" para colocar as contas no verde. Refere que isso até poderia acontecer antes, mas diz preferir esperar mais um pouco por uma questão de "prudência".
Em concreto, o responsável refere que o partido colocou de parte uma provisão de 1,4 milhões de euros, à qual só recorrerá se a Autoridade Tributária não restituir a tempo o IVA dos gastos da campanha eleitoral. De outra forma, esse montante "acrescentaria à redução do passivo", assegura.
PCP lidera nas quotas
Questionado sobre o que levou o passivo do PS a tornar-se no maior entre os partidos portugueses (ver infografia), Luís Patrão prefere pôr a tónica no "controlo da despesa". "Houve anos em que ultrapassámos muito o que estava orçamentado", reconhece.
Se as contas passadas ainda pesam no PS, em 2021 só PCP e PSD tiveram mais lucros do que os socialistas. Do outro lado do espectro estão CDS (110 mil negativos) e BE (73 mil "no vermelho").
O PCP também foi quem conseguiu uma maior subida face a 2020 (375%). Para esse resultado muito contribuiu o facto de os comunistas terem sido quem mais arrecadou com quotas de militantes (3,66 milhões de euros, contra 953 mil do PS e 903 mil do PSD) e, também, a subida de 90,5% da angariação de fundos.
No caso do PSD - o partido com as contas mais saudáveis -, o aumento dos lucros foi bem mais modesto. Apesar da subida global, o partido perdeu cerca de 150 mil euros em quotas, caindo para 903 mil euros. Os aumentos de donativos (mais 395 mil euros) e de contribuições de representantes eleitos (mais 50 mil) compensaram a quebra.
Outros dados
Subvenções públicas
Em 2021, de entre os partidos parlamentares, o PS foi quem recebeu uma maior subvenção pública (6,6 milhões), seguido do PSD (4,25 milhões). O Chega (que só tinha um deputado e, por isso, recebia menos), foi o que embolsou um valor menor (218 mil).
Só PS e CDS em perda
O PSD é o partido com mais capitais próprios (diferença entre ativo e passivo) e conseguiu aumentá-los face a 2020, tal como PCP, Chega e PAN. BE e IL diminuíram, mas mantêm-se com resultados positivos. PS e CDS são os únicos com as contas "no vermelho", ainda que, em ambos os casos, tenham conseguido atenuar as perdas.