O Hospital de Gaia fez rastreios a 44 doentes devido uma bactéria muito resistente a antibióticos. Oito doentes com quadro clínico grave morreram e há atualmente 30 infetados. "Não se pode dizer que a situação está controlada", admite uma responsável do centro hospitalar.
Corpo do artigo
A infeção pela bateria Klebsiella Pneumoniae foi detetada a 7 de agosto, como noticia o JN esta quarta-feira. Oito pessoas infetadas com a bactéria morreram mas, por terem um quadro clínico de base muito complexo e grave morreram, a causa dos óbitos não pode ser atribuída diretamente à infeção, esclareceu ao JN Margarida Mota, responsável do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E).
O Hospital de Gaia só deu início aos rastreios em setembro, cerca de um mês depois de a infeção ter sido detetada. Até agora foram rastreados 44 doentes e estão em curso outros quatro rastreios.
Atualmente, oito doentes apresentam evidência clínica de infeção (sintomas) e os restantes 22 são considerados portadores assintomáticos (sem manifestação clínica).
Há 13 doentes internados em isolamento, dois dos quais "têm quadros infecciosos, mas são doentes submetidos a cirurgias, que têm drenos e que, por isso, são mais vulneráveis. Têm dispositivos invasivos que favorecem a permanência da bactéria e o desenvolvimento de infeção", revelou Margarida Mota, esta quarta-feira, em conferência de imprensa.
"Não se pode dizer que a situação esteja controlada", acrescentou Margarida Mota, explicando que a infeção pela bactéria em causa ocorre por contacto direto, nomeadamente através do simples contacto da pele.
De acordo com a responsável, após identificação do primeiro caso foi reforçada a capacidade do Laboratório de Microbiologia, nomeadamente através da aquisição de métodos específicos de identificação da bactéria (Biologia Molecular), do reforço da equipa nos turnos de fim de semana para resultados mais rápidos e procedeu-se à implementação de protocolo de rastreio de contactos.
Margarida Mota diz ainda que, "com base na análise dos dados atualmente existente, o caso índex terá sido um doente do foro cirúrgico, com complicações pós-operatórios e com necessidade de vários esquemas de antibioterapia. A presença de ferida exsudativa potenciou as vias de transmissão".