O Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT) repudia a posição da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública – em linha com o que foi defendido ao JN pela diretora-geral da Saúde – que apoia o fim do anonimato dos casos diagnosticados com uma Infeção Sexualmente Transmissível (IST).
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“O que sabemos é que houve um aumento do número de notificações, o que é positivo numa área onde a subnotificação tem sido um dado adquirido e contrário à definição de políticas de prevenção”, revela em comunicado o GAT, uma estrutura criada em 2001 de adesão individual e de cooperação entre pessoas de diferentes comunidades e de diferentes organizações, afetadas pelo VIH, infeções sexualmente transmissíveis, hepatites virais e tuberculose.
“Não sabemos o impacto da maior oferta, ainda insuficiente, e da procura crescente de rastreios para a identificação e tratamento de infeções assintomáticas”, alegam, defendendo que é preciso é “boa investigação e boa saúde pública e não histeria”.
O GAT revela que desde 2012 desenvolveu um sistema de notificação anónima. Reverter a prática da “anonimização” será entendido como “um retrocesso do mecanismo público de consentimento para contacto dos serviços de saúde pública, no âmbito da vida sexual, com as pessoas diagnosticadas com IST”.
“Entendemos que esta reversão comunica o policiamento da vida sexual alheia, é dissuasor de rastreio e irá promover a subnotificação das IST”, alerta.
Ao contrário, defende, a saúde pública pode contribuir para reduzir as IST com sistemas de notificação anónima dos parceiros sexuais, aumentando a rede de distribuição gratuita de preservativos, e aumentando o modelo de consulta aberta para diagnóstico e tratamento de IST.
As IST, como a gonorreia, clamídia e sífilis dispararam em Portugal, e na Europa, afetando sobretudo jovens dos 20 aos 24 anos, segundo os últimos relatórios epidemiológicos anuais do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, divulgados esta semana.