Inovação para alterações climáticas exige partilha e soluções focadas nas pessoas
Luta contra as alterações climáticas foi debatida no CEiiA em Matosinhos, com Massamba Thioye, diretor de Inovação Global sobre Alterações Climáticas da ONU, como convidado. Para o dirigente, a cooperação e o foco nas pessoas e nas suas necessidades definem o caminho a percorrer.
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Na discussão sobre a transição climática, o foco prioritário deve passar por envolver as pessoas na inovação a nível das soluções. Este foi o mote do workshop, promovido pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos, direcionado para soluções inovadoras no combate às alterações climáticas, em que Massamba Thioye, responsável pela Inovação Global das Nações Unidas, foi convidado para debater o assunto com profissionais ligados à área.
O dirigente da ONU acredita que as soluções devem ir mais além da inovação tecnológica, envolvendo os indivíduos, onde destaca abordagens cooperativas e novos modelos de negócios.
Thioye partilhou a sua visão e mencionou aqueles que são para si os três aspetos fundamentais sobre as alterações climáticas: a preocupação e empatia, reforçando a inovação focada nas pessoas e nas suas necessidades, a partilha de conhecimento e experiência, e a ousadia de ser ambicioso.
Desde a sustentabilidade à mobilidade, da promoção de projetos à necessidade de maior visibilidade - quer do tema, quer das iniciativas -, o responsável elencou alguns dos conceitos em cima da mesa. Deve haver uma mudança na mentalidade focada na cooperação, em detrimento da independência e competitividade, aconselhou o convidado.
Na conferência, foi apresentado o potencial da plataforma AYR, do CEiiA, que permite quantificar as emissões de carbono evitadas ao trocar o uso do carro por modos suaves de transporte. "O Centro de Inovação da ONU está ansioso aumentar a visibilidade" daquele programa "como uma solução inovadora que pode ser dimensionada para o mercado global", disse Thioye.
No seu trabalho, Massamba Thioye destaca que não são avaliadas as emissões de carbono evitadas pelos cidadãos, visto que a contabilização está muito centrada na inovação tecnológica.
As vozes mais jovens também se fizeram ouvir na sala da conferência, tendo sido discutida a urgência em colocar as gerações mais novas a participar ativamente, de forma a ajudarem a transformar e moldar as políticas atuais.
Os presentes concordaram que a envolvência dos jovens nos projetos que dizem respeito à luta pelo clima pode vir a trazer muitos benefícios.
Apesar do ambiente inspirador gerado pela inovação, os participantes colocaram preocupações relativamente às empresas que constituem obstáculos à inovação e à luta pelo clima estar dependente do contexto socioeconómico dos indivíduos. “Sendo necessário, exige uma mudança de mentalidade do setor privado”, referiu Pedro Gaspar, responsável pela área de negócio de tecnologia futura do CEiiA.
O vereador da Câmara do Porto, Filipe Araújo, questionou o potencial dos desafios enfrentados pelas cidades: a mobilidade, relacionada com o território e não com o transporte, e a construção.
Em comunicado, o presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, António Cunha, afirmou que este encontro reflete uma “importância alinhada com a estratégia do Norte se afirmar como a primeira região neutra em carbono da Europa”.