O ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque convocou esta segunda-feira o embaixador norte-americano por causa do veto à entrada de cidadãos iraquianos nos Estados Unidos da América. As reações às últimas decisões do presidente Donald Trump no que diz respeito à política de imigração não param.
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Ibrahim al-Jaafari já veio afirmar que o seu Governo "rejeita a decisão" e pede para que esta seja revista, ao mesmo tempo que assegura a manutenção das melhores relações entre Bagdad e Washington.
Bagdad apela à administração norte-americana que tenha em consideração "os sacrifícios iraquianos na guerra contra o terrorismo", que está a ser travada no seu próprio país. "Os iraquianos são vítimas do terrorismo, enfrentam os crimes do terrorismo (...) e estão a perseguir os batalhões do Estado Islâmico de uma cidade para outra", realçou. O ministro sublinhou ainda que "nunca nenhum iraquiano esteve implicado em atos de terrorismo nos Estados Unidos ou noutros países".
Proibição para países de maioria muçulmana
Além dos iraquianos, também os cidadãos de outros seis países de maioria muçulmana estão temporariamente proibidos de entrar nos Estados Unidos, por um período de 90 dias. São eles: Síria, Líbia, Sudão, Irão, Somália e Iémen.
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Recorde-se que, na passada sexta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos destes sete países de maioria muçulmana, durante 90 dias.
Os cidadãos daqueles sete países que possuem uma autorização de residência permanente ('green card') nos Estados Unidos "não são afetados", disse no domingo ao canal NBC o chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus. Todavia, podem ser submetidos a longos interrogatórios à chegada dos EUA.
O período anunciado de 90 dias será usado para pôr em prática um sistema de verificação extremamente minucioso dos candidatos à entrada nos Estados Unidos.
Reações a Trump não param
Desde que foi assinada a ordem executiva, as reações não param.
Para o Alto-comissário da ONU dos Direitos Humanos, a ordem é "ilegal e mesquinha". Zeid bin Ra'ad Zeid al-Hussein declarou que "a discriminação pela nacionalidade é proibida pela lei dos direitos humanos", acrescentando que "a proibição dos Estados Unidos também é mesquinha e desperdiça os recursos necessários para o combate apropriado ao terrorismo".
A Associação Europeia de Universidades, por exemplo, apelou esta segunda-feira para uma revisão imediata do Presidente. Para esta organização, a decisão de Trump tem consequências "imediatas" nos investigadores internacionais, universidades e estudantes.
Igualmente, o Grupo Goldman Sachs, que viu alguns ex-dirigentes nomeados para cargos na nova administração norte-americana, criticou o decreto. "Não é uma política que apoiemos e assinalo que já foi contestada num tribunal federal com algumas disposições do decreto bloqueadas, pelo menos provisoriamente", afirmou o presidente do grupo financeiro, Lloyd Blankfein.
"Se o decreto for aplicado, reconheço que há um risco potencial para a empresa e em particular para alguns dos nossos funcionários e familiares", acrescentou.
Ainda esta segunda-feira, deputados britânicos pediram aos líderes das duas câmaras parlamentares do Reino Unido que impeçam Donald Trump de falar no parlamento daquele país, numa futura visita de Estado. Os deputados consideram que não seria apropriado que Trump falasse no mesmo local onde discursou, em 1996, Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, ou onde foi colocado o caixão com o antigo primeiro-ministro conservador Winston Churchill.