O secretário-geral do PCP acusou a oposição PSD/CDS-PP de se dedicar à "guerrilha política", sem aceitar a expressão popular dos portugueses nas urnas, e alertou para eventuais "surpresas desagradáveis" deixadas pelos executivos anteriores.
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"A precariedade do trabalho e da própria vida de milhares de portugueses continuam a ser desprezadas por PSD e CDS, que preferem alimentar uma estéril guerrilha política", afirmou Jerónimo de Sousa, no primeiro de dois dias de debate parlamentar sobre o programa do XXI Governo Constitucional, liderado pelo socialista António Costa.
O líder comunista sublinhou que os partidos que formaram os dois anteriores executivos recusam "aceitar essa expressão popular", de terem perdido cerca de 700 mil votos, "um CDS inteiro", e avisou para eventuais "surpresas desagradáveis" como os problemas com os cálculos de devolução da sobretaxa do IRS, o nível de execução orçamental ou suposto "buraco" financeiro no Banif.
"É verdade que este não e um programa do PCP, é do Governo do PS, que reconhece que foram erradas as políticas dos últimos anos. Registamos a vontade de mudança. 21 dias depois da derrota do programa de Governo PSD/CDS, poderíamos colocar a questão de quanto tempo mais precisamos para descobrir todas as surpresas desagradáveis que deixam ao país? Já confirmámos que a devolução da sobretaxa (IRS) era um embuste, já descobrimos que a execução orçamental desmente promessas feitas em relação ao défice e já confirmámos que o Banif é mesmo motivo de preocupação para os portugueses", elencou.
O primeiro-ministro, António Costa, concordou que "a direita tem dificuldade em compreender que a esquerda, apesar de ser plural, seja capaz de se entender naquilo que é essencial", defendendo que é a "identidade própria de cada um que dá força" ao novo "coletivo e à convergência que foi possível realizar".
"O caminho não será certamente fácil, mas o importante é termos decidido iniciar esta caminhada, temo-lo feito de forma aberta, de boa-fé, com base na confiança mútua. Quando aqui digo que este é um Governo confiante é porque sabemos que podemos confiar naqueles com quem criámos esta solução, designadamente, podemos confiar no PCP para esta capacidade de governar na perspetiva da legislatura", assegurou o líder socialista.
Segundo Jerónimo de Sousa, registou-se ainda outra derrota com a nova configuração parlamentar e entendimento à esquerda: a "da ideologia das inevitabilidades, que tudo justificava e impunha".
"Está aberta uma janela de esperança, aquela esperança que não fica à espera", congratulou-se o secretário-geral comunista, assumindo que o novo chefe do executivo "estará de acordo que é preciso concretizá-la [esperança]".