Depois de uma arruada cheia de garra no centro da cidade do Porto, "ainda há tempo" para um comício de encerramento em Braga. Jerónimo de Sousa manteve-se fiel ao discurso que tem defendido ao longo das últimas semanas e foi o último líder partidário a encerrar a campanha eleitoral.
Corpo do artigo
No último comício da CDU em Braga, o secretário-geral do PCP não acrescentou nada de novo ao que tem vindo a defender nos últimos dias. Jerónimo de Sousa começou por deixar uma "palavra pessoal" a Carla Cruz, deputada do PCP e cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral de Braga. "Nem imaginam o trabalho de grande valor que esta mulher realizou durante o seu mandato", afirmou, fazendo um pedido: "Estimem-na. Estimem-na porque perdê-la significa uma perda para o distrito, para os trabalhadores e para o povo".
Depois do momento de reconhecimento pela deputada do partido, o líder comunista continuou, em linha com todos os discursos que teve durante a campanha eleitoral. Jerónimo de Sousa enalteceu a determinação da coligação entre comunistas e ecologistas e voltou a justificar o apoio dado ao Partido Socialista há quatro anos, para afastar a Direita do Governo. "Quando toda a gente não sabia o que fazer tendo em conta o impasse institucional, foi o PCP e a CDU que, de uma forma clara, afirmaram que o PS só não formava Governo se não quisesse", lembrou.
Todos estes avanços têm a marca da CDU
Depois da justificação do apoio dado, os avanços concretizados. Jerónimo de Sousa debitou todas as propostas aprovadas durante a legislatura, desde o aumento do salário mínimo nacional, aos passes sociais dos transportes públicos ou ao descongelamento das carreiras e pensões. "Todos estes avanços têm uma marca. A marca do PCP. A marca da CDU", reforçou durante o comício em Braga.
O secretário-geral do PCP considerou que "nem sempre foi fácil" convencer o PS em alinhar nas propostas, mas por insistência, convicção e determinação da CDU, os avanços foram concretizados e é "preciso que a partir de dia 6 de outubro eles sejam continuados".
Se por um lado a CDU alinhou com o PS na formação da "geringonça", também "sempre soube quem era o PS", um partido que "recua sempre o pezinho para estar ao lado do PSD e CDS". E, por isso, as vitórias conseguidas podem ser interrompidas porque, segundo o líder comunista, o "PS tem dado sinais suficientes de que pode andar para trás". E eis que surge, no discurso de Jerónimo de Sousa, a maior crítica aos socialistas: as alterações da legislação laboral, em que tanto batalhou o líder do PCP ao longo das últimas semanas.
Perante "o risco de andar para trás", o secretário-geral do PCP posicionou-se ao lado dos trabalhadores e do povo e elencou as medidas urgentes da CDU. No último apelo ao voto da campanha, Jerónimo de Sousa deixou uma palavra aos que ainda hesitam, aos que têm preconceito e não tem dúvidas. "Podemos ser atores da mudança", atirou.
"É uma batalha exigente, mas é uma batalha que podemos fazer", considerou Jerónimo de Sousa. "Quando um homem perde os bens perde pouco, quando perde a dignidade perde muito, quando perde a coragem perde tudo", citou o líder comunista. A CDU "não perdeu a coragem nem a dignidade". Ainda acredita "que é possível".