Jerónimo diz que Paulo Raimundo "é a solução segura" para as necessidades do PCP
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, garantiu, esta manhã, que a proposta de Paulo Raimundo para a liderança do partido "é a solução segura que corresponde às necessidades do partido neste momento", mostrando-se confiante de que o comunista "vai ser capaz de dar conta do recado e de assumir as responsabilidades". Porém, a escolha do futuro líder comunista não foi unânime dentro do partido, entre camaradas e militantes.
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"Como já publicamente se assinalou pelo meu partido, gostaria aqui de reafirmar de viva voz que, como seguimento de uma avaliação própria, resultante de uma reflexão sobre as minhas condições de saúde e exigências correspondentes às responsabilidade que tenho vindo a assumir como secretário-geral do PCP, coloquei a minha substituição nestas funções, mantendo-me como membro do Comité Central", disse Jerónimo de Sousa, na manhã deste domingo, numa conferência de imprensa na sede nacional dos comunistas, em Lisboa.
Após uma reunião do Comité Central do PCP, o partido divulgou, ao início da noite de sábado, que, Jerónimo de Sousa, com 75 anos, vai deixar a liderança do partido por razões de saúde, depois de quase 18 anos no cargo. "Ontem houve alguma surpresa no Comité Central, mas houve convergência: resolveu concordar comigo em termos de substituição, aplaudindo quatro minutos de pé", partilhou, Jerónimo de Sousa, com ânimo.
Paulo Raimundo, de 46 anos, é o nome proposto para o suceder. Começou por se envolver na Juventude Comunista Portuguesa, aos 15 anos. Tornou-se militante em 1994, com 18 anos, sendo eleito membro do Comité Central dois anos depois. "É um camarada estudioso, que conhece os problemas e tem tido fundamentalmente tarefas de reforço da organização do partido", defendeu Jerónimo. Paulo Raimundo é conhecido nas bases do partido, mas relativamente desconhecido na esfera mediática. "Não se pode ser conhecido se, naturalmente, não se aparecer", defendeu Jerónimo de Sousa, sublinhado que a escolha do Comité Central não se baseia no facto de Paulo Raimundo ser conhecido ou não, mas "por ter a garantia de que é uma opção bem sustentada".
Jerónimo de Sousa relembrou que quando foi eleito, há cerca de 18 anos, também ele era um rosto novo fora do partido, na opinião pública. O secretário-geral demissionário lembrou que Paulo Raimundo foi um dos três membros do Comité Central que interveio a propósito do 101.º aniversário do PCP. Também em março de 2022 o agora anunciado sucessor foi o porta-voz comunista de um apelo à mobilização dos trabalhadores e das populações para protestar contra o aumento do custo de vida.
A votação irá decorrer numa reunião marcada para o próximo dia 12 de novembro, após o primeiro dia dos trabalhos da Conferência Nacional, e o secretário-geral comunista garante que será feita à luz das características de Paulo Raimundo e da sua própria afirmação política e pública.
"Saio desta responsabilidade de cabeça erguida. Procurei fazer o melhor que sabia e tive uma experiência de vida espantosa, devo isso ao meu partido", disse o secretário-geral do PCP, avançando que não vai continuar como deputado. Jerónimo de Sousa admite não fazer mais nenhuma intervenção no Parlamento aquando do começo dos trabalhos, daqui a duas semanas. "Se não estiver lá eu estará outro deputado", rematou. Duarte Alves deverá substituí-lo na bancada comunista na assembleia da República.