A Província Portuguesa da Companhia de Jesus (PPCJ) revelou, em comunicado, ter identificado 12 jesuítas e um leigo que abusaram de, pelo menos, 24 crianças e jovens, desde 1950 até hoje. Todos os abusadores já morreram.
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"Em relação a alguns suspeitos, há registo de mais do que uma vítima. Deste modo, os abusos envolveram, pelo menos, 24 vítimas, entre os 7 e os 17 anos. A grande maioria é do sexo masculino. Os suspeitos identificados tinham entre 24 e 65 anos à data dos factos", refere o documento elaborado pelo Serviço de Escuta da Companhia de Jesus, criado para recolher denúncias e informações sobre abusos sexuais em espaços daquela ordem religiosa.
"A maior parte das situações conhecidas aconteceu em contexto escolar, sendo que os relatos indicam os locais de dormida (os mais antigos, quando ainda havia regime de internato) e espaços onde os alunos se encontravam sozinhos com o suspeito, como gabinetes, enfermaria, mas também salas de aula onde uns alunos terão vivido e outros presenciado condutas sexualmente abusivas. Há ainda relatos de abusos cometidos no âmbito do acompanhamento espiritual", refere o comunicado da PPCJ.
A nota faz referência ainda a testemunhos chocantes, manifestando um "profundo e sentido pedido de perdão a todas as vítimas e a todos os que à sua volta sofreram com estes abusos".
De acordo com os relatos das vítimas, os abusos caracterizam-se por comportamentos e condutas com conotação sexual, como toques em zonas íntimas e manipulação de órgãos genitais. "Alguns relatos falam, genericamente, de 'abusos sexuais', sem se conhecerem os factos concretos, pelo que admitimos que possam ter sido praticados atos mais invasivos", frisa o documento, em que o Serviço de Escuta da Companhia de Jesus pede perdão às vítimas.