A viagem de Marcelo Rebelo de Sousa a Kiev, mantida em segredo até à última da hora, tem em vista uma visita ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira, para "dar continuidade à presença portuguesa" e "mostrar solidariedade em todos os domínios".
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Em declarações à imprensa nacional, Marcelo realça que Portugal tem sido "muito atento" e que "justiça tardia não é justiça", em relação ao massacre que aconteceu em Bucha, na Ucrânia. No entanto, acrescenta o presidente da República, deverá ser uma "justiça rodeada de precauções".
Marcelo Rebelo de Sousa está a visitar o memorial das vítimas em Bucha, junto à igreja de Santo André, em homenagem aos mais de 450 civis massacrados e enterrados em valas comuns, que o presidente considera que "não perdeu força. (...) Foi muito forte, muito chocante, muito desumano".
"Portugal tem sido incansável, o governo, a ministra da justiça" têm trabalhado para ajudar a Ucrânia e, dependendo de Marcelo, "estaremos sempre na primeira linha". O presidente realça ainda que, independentemente do que for o "apuramento final" da guerra, será sempre "uma lição para o futuro".
A Ucrânia está a ponderar criar um tribunal para julgar os crimes ocorridos em Bucha. O processo vai "envolver muitos países e Portugal tem estado envolvido", acrescentou o chefe de Estado português. "Não há precedentes com sucesso rápido", acrescenta, realçando que Portugal pode ajudar a fazer com que seja realidade.
"Podemos fazer isso, podemos apoiar nas investigações", respondeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, perante o apelo do procurador-geral ucraniano.
Marcelo está no país invadido pela Rússia para dar "continuidade à presença portuguesa". Segundo o chefe de Estado, "esteve aqui o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, várias vezes o ministro dos Negócios Estrangeiros, agora veio o presidente da República. É Portugal presente a mostrar a sua solidariedade em todos os domínios", afirmou o presidente da República, citado pela agência Lusa, à chegada à estação ferroviária de Kyiv-Pasazhyrskyi.
O presidente da República viajou da Polónia para a Ucrânia e chegou a Kiev às 7.30 horas locais desta quarta-feira (5.30 horas em Lisboa). Com ele encontra-se o ministro dos Negócios estrangeiros, João Gomes Cravinho, a embaixadora de Portugal na Ucrânia, a embaixadora da Ucrânia em Portugal, o antigo ministro e ex-presidente da câmara de Lisboa, João Soares, o historiador e fundador da Ephemera, José Pacheco Pereira, e o comentador político e empresário da área dos media, Luís Delgado.
Marcelo Rebelo de Sousa tem prevista uma reunião oficial com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira, a quem vai entregar o grande colar da Ordem da Liberdade.
Marcelo Rebelo de Sousa vai encontrar uma cidade muito diferente daquela que António Costa conheceu há mais de um ano.