O secretário de Estado Adjunto e da Saúde prometeu, esta quarta-feira, uma aceleração do processo de recuperação da atividade assistencial não covid-19. António Lacerda Sales garantiu, porém, que já estão a ser feitas mais consultas e cirurgias do que no início do ano passado.
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"Sinto que temos que acelerar esta recuperação (atividade assistencial não covid-19). Não nos basta ir para níveis pré-pandemia", reconheceu o secretário de Estado Ajunto e da Saúde, ao encerrar a V Convenção Nacional de Saúde, que decorreu, esta quarta-feira, na Ordem dos Médicos.
António Lacerda Sales assegurou, contudo, que essa aceleração já "se está a refletir na atividade de cuidados de saúde primários". Exemplos disso serão o aumento de 40% (mais 121 mil) cirurgias nos primeiros dois meses do ano face a período homólogo do ano passado, uma mediana de espera de 3,1 meses, a realização de 2,1 milhões de consultas hospitalares (mais 15,6%), além do reforço de 38% das consultas presenciais nos cuidados primários de saúde.
O governante destacou igualmente o reforço dos rastreios oncológicos, numa convenção onde se alertou para o perigo de, nos próximos anos, surgirem "milhares de doentes" oncológicos que não foram sinalizados com a brevidade com que deveriam.
"Os últimos dois anos foram, de facto, horríveis", admitiu Lacerda Sales, embora tenha ressalvado que também "foram anos de muitas inovações", em que, por exemplo, "foram feitas muitas parcerias robustas que são para manter".
O secretário de Estado enalteceu ainda a contratação de cerca de quatro mil novos profissionais de saúde.
Momentos antes, o bastonário da Ordem dos Médicos, tinha defendido que mais do que novas contratualizações, "a prioridade das prioridades" da legislatura que termina em 2026, no que toca à saúde, deve ser a "valorização do trabalho das pessoas", ou seja, a melhoria salarial dos profissionais de saúde.
"É um aspeto crucial. É a prioridade das prioridades", defendeu Miguel Guimarães, considerando que só assim será possível atrair e reter médicos no Serviço Nacional de Saúde e equiparando com modelos como o norte-americano e o inglês. "É verdade que os médicos ganham cinco vezes mais do que aqui nas olhe que o acesso esse é muito precário", reagiu Lacerda Sales.
O bastonário propôs ainda um novo modelo de gestão da saúde, até para garantir a sua sustentabilidade financeira.