António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), vai reunir com o Ministério da Saúde por discordar da forma como o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) anunciou o reforço de meios a partir de 1 de agosto. "A Liga vai exigir que as cláusulas [do acordo] sejam cumpridas", afirma ao JN. Entre elas, está a procura de "soluções partilhadas" com os bombeiros.
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O reforço de meios, anunciado na quinta-feira pelo INEM e que entra em vigor na próxima segunda-feira, está a motivar críticas da Liga dos Bombeiros Portugueses. O presidente António Nunes diz que os bombeiros não foram tidos em conta, apesar de existir um acordo tripartido entre o INEM, a Liga e a Autoridade de Emergência e Proteção Civil, no que toca à prestação de serviços de emergência pré-hospitalar. A LBP já tem uma reunião agendada para a próxima segunda-feira com o gabinete do secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, para fazer o INEM "cumprir as cláusulas", mas admite quebrar o acordo se o problema se mantiver.
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" Há uma comissão de acompanhamento que nunca reuniu e há algumas situações de interpretação que o INEM faz sobre a mobilização de meios que não estão contempladas no acordo. Nós temos deixado que isso aconteça sem nenhum tipo de sublinhado", defendeu António Nunes ao JN. A partir do início do mês de agosto e até 30 de setembro, haverá "mais dez ambulâncias a funcionar em zonas onde se tem verificado uma maior procura dos serviços", anunciou o instituto, o que se traduz num "acréscimo de 33 meios a nível nacional", acrescentam.
O dispositivo vai passar a ter mais três "Postos de Emergência Médica (PEM) nas delegações da Cruz Vermelha Portuguesa de Braga, Vila do Conde (ambulância a operar em Matosinhos) e Sanguedo (Santa Maria da Feira)". Já a Sul, "no distrito de Setúbal, haverá o acréscimo de sete novos PEM: Bombeiros Voluntários (BV) Pinhal Novo, BV Santo André, BV Alvalade (Sado), BV Grândola, BV Barreiro - Corpo de Salvação Pública, BV Sesimbra e BV de Santiago do Cacém".
"Atirar areia para os olhos"
Para o presidente da LBP, "o INEM está a tentar atirar areia para os olhos". "É evidente que, se há situações de emergência que esperam uma hora em Lisboa, não é dotando sete corpos de bombeiros na área da Setúbal que me vai resolver o problema". Por esta razão, António Nunes aponta que o diálogo poderia ter resultado numa solução "completamente diferente" e diz que este reforço é insuficiente para as necessidades de várias zonas do país. Com articulação com a Liga, diz, seria possível "verificar quais são os locais onde há necessidade de um reforço efetivo de meios".
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O presidente da Liga revela ainda que os corpos de bombeiros que prestam serviços no âmbito da emergência pré-hospitalar não estão a ser ressarcidos dos pagamentos devidos. Há corporações "que estão a perder por ano cerca de 40 ou 50 mil euros", diz. O JN tentou contactar o INEM, mas não obteve resposta em tempo útil.
Para já, António Nunes vai "informar o Ministério da Saúde de que todas as cláusulas [do acordo] não estão a ser cumpridas". Caso a situação se mantenha, o dirigente admite quebrar o acordo com o instituto de emergência. "O INEM tem de ter alguma atenção à forma como lida com os bombeiros e não pode tratar os parceiros, porque precisa deles, da forma como está a tratar", conclui.