Lisboa e Vale do Tejo somam mais de metade das queixas sobre cuidados de saúde
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recebeu quase 43 mil queixas (42986) durante o primeiro semestre deste ano. Mais de metade (56,3%) das reclamações são relativas a unidades na região de Lisboa e Vale do Tejo e cerca de um quarto (26,4%) no Norte.
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De acordo com o relatório do sistema de gestão de reclamações, elogios e sugestões da ERS, divulgado nesta sexta-feira, os principais temas a motivar as reclamações foram "cuidados de saúde e segurança do doente" (19,9%), procedimentos administrativos (18,3%) e o acesso a cuidados de saúde (18,1%).
A Reguladora já emitiu, em 2025, 47 275 decisões, das quais 18 926 sobre factos ocorridos este ano. Quase 800 reclamações (796) foram encaminhadas para outras entidades, a esmagadora maioria para as ordens dos Médicos (582) ou dos Enfermeiros (173), 44 ocorrências foram remetidas para o Ministério Público (oito relativos a factos ocorridos este ano e as restantes nos anos anteriores, mas submetidas em 2025).
Do total de 53 713 processos recebidos pela ERS, no primeiro semestre, além das 42 986 queixas, 10 049 foram classificados como elogios e 389 como sugestões. Mais de 65% dos casos são relativos ao setor público, 33,7% ao privado e 1,2% ao setor social. As unidades alvo do maior número de queixas foram as de São José e do Amadora-Sintra, ambas públicas e na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 2574 e 1667 ocorrências, respetivamente. A terceira unidade com mais reclamações é o grupo privado dos Lusíadas (1536).
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O "acesso a cuidados de saúde" sem internamento motivou quase metade das queixas (48,7%) no setor público, a maioria relacionadas com o tempo útil da resposta, pedidos de primeira consulta de especialidade hospitalar ou situações de doença oncológica. No setor social, o tema a motivar mais reclamações foi "cuidados de saúde e segurança do doente" (40,1%). No privado, foram "questões financeiras", tanto em situações que envolveram internamento (35,6%) ou não (33,2%).
Os "tempos de espera" motivaram 11,6% das reclamações no setor público, 4,2% das queixas no privado e 4,1% no setor social.
Médicos e enfermeiros elogiados
A maioria dos mais de 10 mil elogios recebidos pela ERS foram feitos relativamente a unidades públicas (6501). Médicos e enfermeiros foram os principais mencionados nos elogios (32,4%), seguidos do funcionamento dos serviços (25,2%) e do pessoal não clínico (20,3%). Já as sugestões incidiram, sobretudo, sobre as instalações (27%) e o funcionamento dos serviços (25,4%).
A ERS concluiu que a esmagadora maioria dos casos (81,4%) se deveram a falhas processuais no tratamento das reclamações. Em 10,3% das situações foi necessário abrir processos administrativos ou sancionatórios ou a apensação a outros processos em curso, lê-se no relatório, que sublinha que 57,7% dos casos foram concluídos sem necessidade de outra intervenção e 30% terminados com resolução da situação ou com garantia de correção pelos prestadores.

