Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, candidatos por Aveiro, entregam esta segunda-feira as listas que encabeçam, com uma diferença de uma hora e no último dia para formalização das candidaturas. Processo que não escapou a críticas, dentro e fora dos partidos. O PS é aquele que faz mais alterações nos lugares cimeiros.
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O PSD antecipou-se aos socialistas no anúncio das apostas para as eleições de 18 de maio. Para além de Montenegro, que troca agora Lisboa por Aveiro, a coligação tem onze ministros como cabeças de lista. Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, é um dos que não constam do elenco, tendo já anunciado a sua candidatura à Câmara do Porto. Neste distrito, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, é desta vez o número um, enquanto o PS aposta em Fernando Araújo, ex-diretor executivo do SNS. Pelo círculo de Lisboa, o primeiro rosto da AD é o de Miranda Sarmento, ministro das Finanças.
Troca de acusações
Entre a Oposição, gerou polémica o facto de o PSD ter mantido Hernâni Dias, que volta a liderar a lista por Bragança, dois meses após a sua polémica demissão de secretário de Estado do Ordenamento do Território, na sequência das notícias de que criou uma empresa imobiliária quando estava a ser alterada a lei dos solos.
Pedro Nuno Santos atacou esta escolha: “Se Luís Montenegro está por que é que Hernâni Dias não haveria de estar?". O contra-ataque surgiu de Hugo Soares. O secretário-geral do PSD chamou “hipócrita” ao líder socialista, recordando que também se demitiu de um Governo.
Já o PS aprovou mudanças em 12 dos 22 cabeças de lista em comparação com as últimas eleições.
Neste partido, as escolhas geraram contestação interna. Sérgio Sousa Pinto tinha sido indicado para o quarto lugar pelo círculo de Lisboa, mas saiu por discordar da equipa escolhida por Pedro Nuno Santos. Explicou depois que já “não se sente confortável” ou que “está ali aquele nosso lugar”. Pelo contrário, sente que está “a mais”. Portanto, “há um momento para ficar e um momento para sair, e pareceu-me que este era o momento para sair”, justificou o socialista, que deixa de ser deputado.
A rapper luso-angolana Eva Cruzeiro vai em lugar elegível em Lisboa, em oitavo, e não foge a críticas por referências à guerra na Ucrânia.
Já Fernando Medina comunicou que não pretendia ser recandidato. Opção que explicou dizendo que, “do ponto de vista pessoal”, era altura de "não prosseguir" na vida política ativa. Mas recusou qualquer "afastamento do PS” e prometeu ajudar Alexandra Leitão nas autárquicas.
Há exclusões no Chega e fundadores ajudam Bloco
Em Braga, houve dúvidas sobre a continuidade de José Luís Carneiro, que foi candidato à liderança contra Pedro Nuno e ministro da Administração Interna. Mas volta a ser o cabeça de lista por aquele círculo.
No Chega, o processo fica marcado por algumas exclusões. António Pinto Pereira, que foi cabeça de lista por Coimbra, fica de fora, tal como Henrique de Freitas, que há um ano foi o primeiro por Portalegre. O ex-dirigente do PSD anunciou a sua demissão da Distrital do Chega que liderava. De resto, as candidaturas ficam marcadas por muitos repetentes, tal como acontece com os restantes partidos.
À Esquerda, destaca-se o BE, que foi buscar os fundadores Francisco Louçã, Luís Fazenda e Fernando Rosas para cabeças de lista. Mariana Mortágua garantiu, na entrevista JN/TSF, que cumprirão os mandatos se forem eleitos.
Declaração chocante sobre Ucrânia de rapper candidata
“Sou africana, estou-me a cagar para a guerra na Ucrânia. Esses gajos que se matem, como nós nos matamos, eles não se importam connosco, então, nós não nos importamos.” O vídeo em que a rapper Eva Cruzeiro afirma isto circulou nas redes sociais após ter sido anunciada como 8ª do PS por Lisboa.
Conhecida como Eva Rapdiva, defendeu-se das várias críticas com a “liberdade criativa“, “no improviso característico do rap” que diz não ser revelador da sua posição política.