Lula da Silva no Parlamento: "Pareceu-me uma fórmula inteligente e feliz", diz Marcelo
O presidente da República reiterou, este sábado, que a solução encontrada para a receção de Lula da Silva na Assembleia da República, coincidente com a data da "tradicional celebração interna do 25 de Abril", é "inteligente e feliz". Já o chefe de Estado brasileiro justificou a ausência na segunda parte das comemorações por uma questão de agenda.
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Marcelo Rebelo de Sousa voltou a tornar claro que não há problema na solução encontrada quanto à ida de Lula da Silva ao Parlamento no Dia da Liberdade: "Pareceu-me uma fórmula inteligente e feliz a Assembleia da República acolher, ao mesmo tempo, o presidente desse primeiro grande momento de viragem da história do império colonial português - com a independência do Brasil - e, depois, celebrar uma segunda vaga tardia da independência". A receção de Lula da Silva no Parlamento tem sido contestada nos últimos meses pelos partidos de direita que ponderam mesmo manifestar-se na terça-feira.
Em conferência de imprensa conjunta com o presidente brasileiro, no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a visita de estado arranca num dia simbólico, assinalando "o momento em que houve o primeiro encontro entre portugueses e o Brasil", acrescentando que há uma ligação "óbvia" entre o 22 de abril de 1500 (data da chegada de Pedro Álvares de Cabral ao Brasil) e o Dia da Liberdade.
"O Brasil foi o primeiro exemplo de independência de descolonização em relação a Portugal e o 25 de abril foi num momento 200 anos posterior de um processo de descolonização noutros estados de língua oficial portuguesa", apontou o presidente da República.
Arrancou esta manhã a agenda oficial da visita de cinco dias do chefe de Estado do Brasil em Portugal. Lula da Silva ficará até à próxima terça-feira em Portugal para o discurso na Assembleia da República perante os deputados, marcado para as 10 horas, antecedendo assim as celebrações do 25 de Abril. Depois de discursar, o presidente brasileiro irá seguir viagem para Madrid.
Questionado sobre o porquê de não participar na segunda sessão que assinala o Dia da Liberdade - e que contará com intervenções de todos os partidos com assento parlamentar -, Lula da Silva afirmou que veio do Brasil com uma "agenda feita" com antecedência e que esta não foi alterada. "Eu sempre soube que ao vir a Portugal iria ter esta reunião, que ia conversar com o primeiro-ministro, que ia entregar o prémio [Camões] ao Chico Buarque, e que na segunda-feira estou em Matosinhos", exemplificou. "Eu fui convidado para participar na comemoração da Revolução dos Cravos e é com muita alegria que vou participar. É com muita alegria, seja de manhã, à tarde. Só espero que não seja à noite, o restante eu posso participar tranquilamente", resumiu.
Quatro meses depois do convite feito a Lula da Silva para visitar Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa aponta que já conhecia o chefe de Estado brasileiro "suficientemente" para perceber que nesta visita de Estado se iria viver o "clima essencial" e "igualmente importante" para os dois países.