O presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, afirmou hoje que veio a Portugal "aprender" com o "sucesso" do primeiro-ministro e do Presidente da República português, saudando a "esperteza política" de Marcelo e os feitos políticos de Costa.
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Numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro português em São Bento, Lisboa, Luiz Inácio Lula da Silva disse que veio a Portugal para "aprender com a esperteza política do Presidente [da República] Marcelo" e com António Costa.
"Vim aprender com o primeiro-ministro, António Costa, porque eles inventaram uma tal de 'geringonça' que, ao que a gente sabia, ganhou as eleições. Depois, consertou a economia portuguesa. Depois, eu vi a notícia de que ele ia perder, que não estava dando certo. E o que aconteceu foi que ele sozinho ganhou e fez maioria", elogiou Lula da Silva, tendo a seu lado o primeiro-ministro português.
"Então, eu vim aqui também para aprender o sucesso desses dois - do Presidente, do primeiro-ministro - para ver se a gente consegue fazer o mesmo no Brasil e dar certo", declarou.
Lula da Silva chegou à residência oficial do primeiro-ministro às 20 horas, acompanhado pela sua mulher Janja, tendo à sua espera o líder do executivo português e a sua mulher, Fernanda Tadeu.
Lula diz que nunca teve problema no convívio com as forças armadas brasileiras
Lula da Silva, disse em Lisboa que nunca teve "nenhum problema em conviver com as forças armadas brasileiras". "Eu nunca tive nenhum problema de conviver com as forças armadas brasileiras", respondeu Lula da Silva, que falava numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa.
Em resposta à pergunta sobre a razão do atraso na formação do grupo de trabalho do Ministério da Defesa e se não receava alguma reação dos militares brasileiros, Lula da Silva respondeu que não. "Não tem nenhum receio", frisou Lula, que acrescentou: "As coisas são criadas de acordo com o tempo necessário para criar", frisando que a partir da próxima semana, vai assumir as tarefas de coordenação e começar a formar governo.
"Eu estou voltando para o Brasil amanhã (sábado), a partir de segunda-feira, terça-feira, eu vou assumir a minha tarefa de coordenação do geral. Vou tentar trabalhar a ideia de começar a montar o governo e vou criar os grupos de transição que falta ser criado", disse.
Lula da Silva reiterou que "nunca teve problema com nenhum militar" durante os oito anos que exerceu o cargo de Presidente da República (2003/2011)".
"Então eu não me preocupo com o que está falando o general Braga Netto [concorrente à vice-presidência escolhido por Jair Bolsonaro]. Não me preocupa. Me preocupa é que o comando das forças armadas está muito tranquilo. O comando das forças armadas me conhece e no momento certo eu vou indicar quem será o comandante da marinha, quem será o comandante da aeronáutica, quem será o comandante do exército. E aí o Brasil vai voltar também à normalidade na relação entre as forças armadas e o governo. Eu nunca pensei em ter problema e não acredito que eu tenho problema", destacou.
As forças armadas brasileiras "têm um compromisso constitucional e eu tenho certeza que eles viram cumprir como já cumpriram durante o meu primeiro mandato".
Lula diz que o Brasil regressou à comunidade internacional
Lula manifestou a sua alegria por estar em Portugal e considerou que a sua eleição representa o regresso do Brasil à comunidade internacional. "A minha alegria de estar em Portugal e ser recebido pelo Presidente (da República, Marcelo Rebelo de Sousa), pelo primeiro-ministro (António Costa), numa demonstração de que o Brasil voltou ao mundo político", afirmou Lula da Silva na primeira declaração na conferência de imprensa conjunta que fez com o chefe do executivo português.
O Brasil, considerou Lula da Silva, "voltou a discutir os assuntos que são do interesse da Humanidade, que são do interesse do Brasil" e que são também do interesse dos parceiros do seu país. "Eu fiquei muito emocionado quando no discurso na COP27, no Egito, o povo gritava: o Brasil voltou. E era muito marcante para mim, porque fazia quatro anos que o Brasil estava totalmente isolado do mundo", salientou Lula da Silva, referindo-se ao mandato de Jair Bolsonaro.
"Nenhum país que sofreu bloqueio nesses últimos 30 anos, teve o isolamento que o Brasil teve, por culpa do próprio governo brasileiro. Não foi o mundo que isolou o Brasil. O Brasil é que se isolou", frisou.
O Brasil, recordou, era "um país considerado o país mais alegre, o país com maior esperança, um país que saiu da 12.ª economia para 6.ª economia do mundo, um país que voltou agora a 13.ª economia, virou um país triste. Porque é um país em que a esperança desapareceu, em que o Presidente (Jair Bolsonaro) fazia questão de não conversar com ninguém, de não receber ninguém. Ninguém queria visitar o Brasil porque ele teve um comportamento totalmente anti-Brasil e anti-democrata", vincou.
Além da reunião - que durou mais de uma hora - e das declarações aos jornalistas, Lula da Silva e António Costa irão também jantar em São Bento.
O Presidente eleito do Brasil está de visita a Portugal depois de ter participado na 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Luiz Inácio Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos como Presidente do Brasil, entre 2003 e 2011, foi novamente eleito em 30 de outubro, na segunda volta da eleição presidencial brasileira, com 50,9% dos votos, derrotando o chefe de Estado brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro.
Enquanto secretário-geral do PS, António Costa manifestou apoio à candidatura de Lula da Silva nas eleições presidenciais brasileiras.