Em 2019, nasceram 6913 bebés antes do tempo, sobretudo entre as 32 e 36 semanas. São 8% do total. A pandemia pode ter abrandado a prematuridade.
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Só no ano passado, nasceram em Portugal 6913 bebés prematuros e desses quase 900 vieram ao Mundo ainda antes das 31 semanas de gestação. O número é ligeiramente inferior ao que se registou em 2018, mas a percentagem de recém-nascidos pré-termo no total de nascimentos mantém-se nos 8%. As mães com mais de 40 anos são as que mais têm bebés antes do tempo. Hoje comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade.
Nascem antes das 37 semanas de gestação e a maioria sai da barriga da mãe entre as 32 e as 36 semanas. Em mães a partir dos 40 anos, os nascimentos de prematuros representam quase 10% do total, segundo o INE. Ainda assim, Carmen Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa de Neonatologia, alerta que a prematuridade resulta de uma conjugação de fatores. "Não é só a idade, mas o facto de a mãe ser fumadora, hipertensa, de ser gravidez de gémeos. Há mães de prematuros de todas as idades, não há risco zero".
Para a responsável pelo serviço de Neonatologia no Centro Materno-Infantil do Norte, "a percentagem de bebés prematuros em Portugal tem-se mantido estável", mas em ano de pandemia, e embora não haja ainda dados, "há uma aparente tendência de decréscimo". "Há menos bebés internados por prematuridade, sobretudo nos mais prematuros", reconhece Carmen Carvalho, que acredita que poderá estar ligado ao facto de as grávidas serem grupo de risco para a covid-19. "Estiveram em casa, sem o stress do trabalho, sem esforço físico. Mas isto é apenas uma conjetura", avisa.
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Por outro lado, a pandemia trouxe entraves aos pais de bebés prematuros. "Não só nas inevitáveis restrições que todas as unidades tiveram nas visitas e permanência dos pais junto dos seus bebés. Mas também porque durante a primeira vaga não havia sequer o pele com pele, era muito angustiante", revela a pediatra neonatologista, que diz que "agora já se permite, mas não é durante tanto tempo como era antes da pandemia". "As mães já podem tocar nos seus bebés, dar colo. Já se percebeu que os bebés são pouco afetados, mas ainda há receios, principalmente porque os prematuros têm maior risco de infeções".
E os riscos da prematuridade são muitos. "Quanto mais prematuro, mais risco de sequelas. Estas crianças exigem muita vigilância nos primeiros anos de vida".
Viabilidade
Um prematuro é considerado viável entre as 500 e 700 gramas de peso e a partir das 25 semanas de gestação. Significa que há mais de 50% de hipóteses de sobreviver.
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A maioria dos prematuros nascidos em 2019 são de mães com mais de 30 anos. Desses, 1861 são de mães entre os 35 e 39 e 658 de mulheres com mais de 40.
Falta de profissionais
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Apesar de haver unidades de neonatologia suficientes em Portugal para as necessidades, o número de profissionais continua a ser insuficiente, sobretudo na enfermagem.
Sequelas
Nos prematuros, há risco de sequelas que passam por problemas cardiorrespiratórios, neurológicos, pulmonares, surdez, ou digestivas, nomeadamente doenças intestinais.