Esta segunda-feira iniciam funções 155 profissionais e em março abriram candidaturas para 38 - menos do que os 200 prometidos. Dispositivo de combate a incêndios e diretiva financeira por publicar.
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O Ministério da Administração Interna e a GNR abriram em março um segundo concurso para admitir 38 guardas-florestais, mas mesmo assim não conseguirão contratar os 200 prometidos em 2018. Esta segunda-feira, 155 profissionais iniciam a parte prática da formação. Ficarão a faltar sete - se não houver desistências entre os candidatos admitidos ao concurso a decorrer.
O concurso lançado no ano passado pretendia preencher 200 vagas, mas logo de início só cerca de 170 iniciaram a formação, disse Rui Raposo, da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas. O facto de correr em paralelo um concurso para praça da GNR foi uma das causas das desistências, que nunca foram substituídas. "O concurso foi mal feito. Não teve elasticidade suficiente para que se repescassem os melhores candidatos nem previu uma reserva de contingência mínima de 10%, para completar vagas, em caso de desistência", explicou.
O concurso aberto no mês passado repete os mesmos erros e prevê a entrada de 38 pessoas, não as 45 em falta para preencher o quadro de vagas inicial. "Só uma política mesquinha de contenção orçamental permite uma coisa destas", lamenta Rui Raposo.
Viana, Vila Real e Coimbra
Os 155 guardas-florestais que passam para o terreno a partir de hoje, mais os 38 a admitir e os cerca de 280 já em funções somam perto de 500 profissionais. É este o mínimo necessário para fiscalizar a floresta (incluindo a investigação das causas de incêndios), a caça e a pesca, entende o sindicato. Mas Rui Raposo aponta para a idade avançada dos atuais guardas e mestres florestais para avisar que será preciso abrir concursos nos próximos anos, incluindo nos três distritos que agora ficaram de fora.
Ao JN, fonte oficial da GNR disse que Viana do Castelo, Vila Real e Coimbra não terão novos guardas-florestais. Não foram contemplados nos dois concursos porque são os que mais guardas-florestais já têm, explicou Rui Raposo. Uma vez que já não há admissões para esta carreira desde 2004, estes deverão ser os distritos com mais reformas no futuro próximo.
Uma "boa notícia"
A admissão de profissionais para uma carreira que estava em vias de extinção é "uma boa notícia", concordam Duarte Caldeira, ex-presidente Liga dos Bombeiros, e Castro Rego, presidente do Observatório Técnico Independente.
Além do papel técnico na investigação às causas dos fogos, Duarte Caldeira salienta duas grandes vantagens dos guardas-florestais: a tradição de proximidade às populações e conhecimento da geografia em que atuam. Castro Rego acrescenta que a descoberta das causas dos incêndios é "muitíssimo importante" para o combate aos fogos.
Diretivas para verão ainda por publicar
Os planos anuais para prevenir e combater incêndios ainda não foram publicados. A diretiva operacional será semelhante à do ano anterior, diz Marta Soares, da Liga de Bombeiros. O que o preocupa é a diretiva financeira, com o valor a pagar aos bombeiros pelo combate aos incêndios. O Ministério da Administração Interna diz que a publicação está para breve.