Sábado e domingo, há iniciativas em 72 concelhos para assinalar Dia Nacional. Conservação passa por novos usos.
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Há mais de 200 moinhos que abrem amanhã, sábado, e domingo ao público para assinalar o Dia Nacional dos Moinhos (7 de abril), uma forma de divulgar o património e incentivar a sua conservação. Há muitos em ruínas, mas outros têm sido recuperados para turismo, cultura e até para moagem de cereais que alimentam nichos de mercado.
Jorge Miranda, que coordena a iniciativa "Moinhos Abertos de Portugal", da Rede Portuguesa de Moinhos, adiantou ao JN que para este fim de semana está confirmada a abertura de, pelo menos, 229 moinhos, em 72 municípios. Pela primeira vez todos os distritos de Portugal continental estão abrangidos.
Os promotores variam muito. Vão desde “moleiros e proprietários dos moinhos a jovens empresários, associações, ativistas e autarquias”. “Temos uma pessoa em Óbidos, que dinamiza o moinho do avô a partir de Toronto, no Canadá, onde vive há 40 anos. Todos os anos vem a Portugal de propósito para os Moinhos Abertos e faz uma festa comunitária muito grande no moinho”, conta Miranda.
Esta iniciativa, sublinha o coordenador, tem provocado interesse do público, que visita, mas também das populações, que olham para estas estruturas como “parte da sua identidade”. Tem, também, impacto na preservação dos moinhos. “Hoje cada vez mais se reconstroem moinhos, mas quando a iniciativa arrancou, em 2007, havia muitos em risco de degradação. O objetivo foi garantir que eram limpos e se punham a trabalhar ao menos uma vez por ano, ganhando vida”.
Muitos dos cerca de 200 mil moinhos que se estima ainda existirem em Portugal não estão a trabalhar, mas têm vindo a surgir novos projetos. Para além do turismo, há moinhos vocacionados para atividades culturais, educativas, artesanato e produtos regionais. Alguns mantêm a atividade ligada à panificação.
“Ainda há moinhos que estão em funcionamento para moagem. Há deles vocacionados para a panificação das novas tendências, como os cereais tradicionais e fermentação lenta”, garante Miranda. “Há moinhos de moagem de casca de arroz, em Oliveira de Azeméis, e outros exploram novos nichos. Na região de Chaves, por exemplo, há um que funciona para a indústria que faz farinheiras”. O trabalho dos moleiros, diz Miranda, está a ser “reinventado. A moagem não é uma atividade em extinção”.