Cerca de 40% dos funcionários dos lares das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e das estruturas residenciais das misericórdias estão em casa a prestar assistência à família, admitiu o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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Ao todo, serão cerca de 31 mil os funcionários que deixaram as suas funções, numa altura em que a União das Misericórdias e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) continuam a clamar por mais recursos humanos e equipamentos de proteção individual para fazer face à Covid-19. O número de mortos e infetados nas instituições de terceira idade não pára de aumentar.
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"Ainda nenhum provedor me disse que não consegue funcionar porque tem toda a gente infetada. Dizem que têm dificuldades de funcionar, porque têm muita gente em casa que foi tomar conta dos filhos. Têm falta de recursos", admitiu Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias, confirmando que "40%" dos cerca de 60 mil dos seus colaboradores em lares deixaram o emprego para prestar assistência à família. Lino Maia, da CNIS, está convencido que o número será "mais baixo" do que 40% do total dos 200 mil colaboradores das IPSS.
Para garantir os cuidados aos idosos e evitar a disseminação do novo coronavírus nos lares, os funcionários têm estendido o horário de trabalho e adotado o regime de internato, uma espécie de quarentena em que os colaboradores pernoitam 14 dias nas instituições. Há, também, salas de desinfeção preparadas para colaboradores.
Mais uma vítima
Apesar de cuidados redobrados, anteontem à noite, em Coimbra, foi conhecida mais uma morte de um idoso institucionalizado, desta vez no lar de Almalaguês. Há pelo menos mais quatro utentes e uma funcionária do mesmo lar com teste positivo para coronavírus, além outras duas utentes internadas que ainda não conhecem o resultado dos seus testes.
Em Famalicão, dos 34 utentes da Residência Sénior Pratinha, 22 estão infetados com Covid-19. Há, ainda, dez colaboradores contaminados. Um utente de 92 anos do lar Nossa Senhora da Veiga, em Foz-Côa também testou positivo para a Covid-19 e, na Feira, uma idosa do Centro Social Pôr-do-Sol foi internada. Outras duas utentes, entre as quais uma mulher que dividia o quarto com a doente, encontram-se no Hospital S. Sebastião, na Feira, com sintomas da doença. Guimarães também registou esta semana o primeiro caso de um idoso, com 90 anos, infetado no Lar de S. Francisco, no centro da cidade.
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Quatro funcionários do lar Dra. Leonor Beleza, em Santo Tirso, que acolhe pessoas com elevado grau de dependência, estão infetados. São mais três casos registados naquele lar, além da auxiliar de limpeza avançado pelo JN. Em Leça do Balio, hoje, os idosos no lar do centro Social vão ser testados, garantiu ao JN Francisco Araújo, presidente da instituição. A equipa de 20 trabalhadores que esteve em contacto com os infetados está de quarentena. No lar está agora a trabalhar uma equipa de substituição.
Ontem, seis idosos foram retirados do lar Misericórdia de Bragança por apresentarem sintomas. Em Resende, não se conhece ainda o resultado aos cerca de 100 testes realizados no lar da Misericórdia, depois de se ter sabido de 22 pessoas infetadas e uma vítima mortal. Ontem, o Exército fez a desinfeção das instalações, onde continuam os idosos que já foram rejeitados no Hospital Militar do Porto e nos hospitais da CUF.
Pormenores
Exames
Os lares onde se verificam situações que inspiram preocupação passam a poder recorrer a laboratórios privados. A proximidade pesa na decisão de testar no público ou privado.
Separação
Os lares devem separar os casos positivos dos casos negativos. Quando não for possível fazê-lo, "serão tomadas outras medidas.
Equipa permanente
O Governo criou uma equipa de acompanhamento permanente das situações nos lares, que garante uma articulação entre a Direção-Geral da Saúde, Proteção Civil, Instituto de Segurança Social e autarquias.
Higienização
As Forças Armadas vão ajudar na higienização dos lares, como aconteceu já em Resende.
160 milhões de euros
É o valor da linha de financiamento que foi criada pelo Governo para garantir liquidez às instituições de solidariedade social, misericórdias e até privados.
59 milhões de euros
É o valor do reforço prometido pelo Governo para os acordos de cooperação com o setor social, responsável pelos lares de idosos ou centros de dia. Verba é imediata.