A falta de equipamentos e de Internet na casa de alunos é a maior preocupação dos diretores de escolas, antevendo já que não haverá as aulas presenciais este ano.
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Filinto Lima, da Associação de Diretores/ANDAEP, diz até que o Ministério da Economia e da Transição Digital deve assegurar em todos os lares as condições necessárias para a aprendizagem dos alunos. Até lá, as escolas pedem ajuda às autarquias e empresas da comunidade.
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Em Cinfães, o diretor do agrupamento (e da associação ANDE) calcula que 20% dos alunos não tenha computador, tablet ou smartphone. "Há sítios que nem rede de telemóvel têm", diz Manuel Pereira, cuja preocupação é igual à de outros diretores: "Não podemos avançar com os alunos se não forem todos".
E não chega ter um computador. Basta haver dois filhos, ou um dos pais estar em teletrabalho, para serem precisos mais equipamentos. "Não é de um dia para o outro que se arranjam computadores", reconhece Jorge Ascenção, da Confederação de Associações de Pais, assegurando que professores, pais e ministério "estão a acompanhar com muita atenção" o assunto. "Está muita coisa a funcionar bem, mas ainda há muito para fazer e temos todos que colaborar", diz.
Preparar 3.º período
Nas duas últimas semanas, as escolas mantiveram contacto diário com os alunos, trocando fichas e trabalhos por email ou WhatsApp, exemplificou Álvaro Almeida dos Santos, do agrupamento Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves (Gaia). Em alternativa, os materiais são deixados na portaria da escola.
Na Covilhã, Ricardo Silva tem a ajuda das juntas de freguesia, onde os pais tiram fotocópias. "Entre 20 e 30% dos alunos não têm computador", calcula o diretor do agrupamento A Lã e a Neve. No Porto, no Cerco, Manuel António Oliveira tem uma equipa a escolher as plataformas a usar. Pedrouços vai à frente e, diz o diretor Sérgio Almeida, todos os alunos estão já a ter aulas virtuais.
O que algumas escolas já estão a fazer e que programas usam
Microsoft Teams para aulas virtuais
O Agrupamento de Escolas de Pedrouços, da Maia, e a Academia de Música de Costa Cabral, do Porto, são duas das escolas que já usam o Microsoft Teams para aulas virtuais. A plataforma faz parte do Office 365 e é gratuita para as escolas.
Através do Teams, toda a turma pode ligar-se ao mesmo tempo, com som e imagem, numa verdadeira aula virtual. A maior desvantagem é o que o ecrã só mostra até quatro pessoas em simultâneo (sendo uma delas a última pessoa a falar). É possível partilhar o ecrã com os participantes e guardar documentos para consulta posterior, como textos, imagens, vídeos ou powerpoints.
Inclui uma função de bloco de notas, partilhável com o professor, e de tarefas que podem ser feitas fora da aula. A app pode ser descarregada para telemóvel.
Zoom permite falar 40 minutos
É tão ou mais usada que a Teams. Esta aplicação também junta professores e alunos em tempo real numa sala de aulas virtual, mas permite que todos os participantes se vejam (desde que tenham as câmaras ligadas).
O professor pode convidar qualquer pessoa a participar, mesmo que não tenha uma conta no Zoom. E uma vez na sala, pode trabalhar com todos em simultâneo ou criar grupos (o Teams também o permite). Quando algum aluno quiser intervir, pode acionar o seu microfone ou levantar uma mão virtual, para chamar a atenção do professor. As sessões podem ser gravadas e, no final, é criado um relatório de presenças. Tal como o Teams, tem um espaço para troca de mensagens entre todos ou dirigidas a um participante específico.
A grande desvantagem do Zoom, na versão grátis, é a limitação no tempo: ao fim de 40 minutos, a sessão encerra-se de forma automática e todos têm que voltar a entrar na sala de aula.
Google HangOuts Meet e ClassRoom
A Google funciona como um agregador de serviços. Tal como as duas plataformas anteriores, o HangOuts Meet permite participar em aulas em tempo real, ligar e desligar a câmara e o microfone, partilhar o ecrã e trocar mensagens.
Pode ser complementado com o ClassRoom, desenhada para cursos online, em que o professor cria materiais pedagógicos a que os alunos assistem, de forma assíncrona. Aqui pode-se trocar ideias e tirar dúvidas, atribuir tarefas, fazer avaliações e dar notas. Interliga-se com outras ferramentas Google, como a Forms (para testes rápidos) ou o Drive (para armazenar ficheiros) ou calendário (para agendar sessões). Obriga a ter o G Suite da Google, que para já é grátis.
ClassDojo própria para crianças
Basta entrar para se perceber que o público alvo são as crianças mais pequenas. O ClassDojo é uma plataforma de comunicação entre a comunidade escolar e permite partilhar fotos, vídeos ou mensagens. Sendo um espaço "comum", tem semelhanças a uma rede social: é possível ver se os pais já leram uma mensagem, deixar um "gosto" e comentar, por exemplo.
Os alunos podem criar portfólios com os seus trabalhos, para que os pais acompanhem o percurso; e os professores podem dar a cada aluno um louvor ou uma reprimenda.
A ClassDojo não permite fazer aulas virtuais em tempo real, mas pode ser um complemento às plataformas anteriores. É grátis.
Plataformas de editoras
A Escola Virtual da Porto Editora será a maior, mas também a Leya e a Areal abriram as suas plataformas a todos os estudantes.
Lá estão versões digitais dos manuais escolares e livros de fichas, bem como atividades e trabalhos que os alunos podem fazer em casa e enviar aos professores.