O INEM tem mais de 10% dos operacionais em quarentena devido à pandemia da Covid-19. São 131 pessoas, a maioria técnicos de emergência pré-hospitalar, que estão a cumprir isolamento profilático por terem tido contacto com infetados e casos suspeitos do coronavírus.
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Há ainda nove infetados, entre eles um coordenador de serviço, sendo que pertencem quase todos à delegação Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
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Para o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH) e Associação Europeia de Emergência Pré-Hospitalar (AEEPH) a demora do INEM em avançar com um plano de contingência - que saiu do papel há poucos dias - explica os números avançados pelo organismo ao JN.
O foco dos infetados no Norte surgiu após um técnico realizar o serviço de ambulância de um primeiro caso de infeção no início de março. Desde então, o INEM apertou a rotatividade das equipas e aumentou as horas extraordinárias para colmatar a falta de pessoal e garantir a assistência.
"As regras surgiram 20 dias após o primeiro caso e de termos alertado o Conselho Diretivo para a necessidade de medidas de contingência, quando na altura só se preocupava com os equipamentos", disse, ao JN, Rui Lázaro, do STEPH, que defende, entre outras medidas, o teletrabalho dos técnicos do CODU.
Segundo Carlos Silva, da SPEPH, "não se pode garantir para os operacionais da linha da frente a taxa de 0% de infetados ou suspeitos". "Mas os efeitos podiam ter sido minimizados, através de equipamentos de proteção adequados e da orientação que deveriam ser usados em todas as intervenções, bem como a medição da temperatura antes e depois dos turnos como forma de controlo", defendeu.
Uma das medidas de proteção, implementada na segunda-feira, é a proibição da ventilação manual - feita com um balão - como manobra de reanimação dos doentes suspeitos de terem Covid-19. Aos técnicos foi ainda pedido que não se aproximem do rosto e da boca de vítimas com paragem cardíaca.
"Tendo em conta o enorme desinvestimento técnico que houve nas ambulâncias, percebe-se estas recomendações para as reanimações", disse Nelson Batista, da AEEPH.
Linha 112 passa ao SNS24 casos de falta de ar
Os Centros de Orientação de Doentes Urgentes, que atendem e ativam os meios do 112, passaram a encaminhar para a Linha SNS 24 os casos com sintomas de "febre, tosse e dificuldade respiratória", associados à Covid-19.
Questionado pelo JN se não há o risco destes sintomas estarem associados a outras doenças, que deixem o doente sem socorro pela atual demora da SNS24, o INEM assegurou que "o doente não é "abandonado à sua sorte": essa chamada é sempre transferida para o SNS24, que também realiza a sua triagem. Se, neste serviço, for identificado algum sintoma de gravidade, a chamada é devolvida ao CODU".