É o número mais alto de animais recolhidos desde 2017. No ano passado, os canis/gatis municipais acolheram 43 603 cães e gatos. Trata-se de um aumento de 38,6% face ao ano anterior, justificado pelo crescimento do número de vagas nos centros de recolha oficial devido à construção de novas instalações e ampliação das existentes. As adoções e esterilizações também aumentaram no ano passado. Em queda continuam os casos de eutanásia.
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Os dados constam no relatório anual da atividade dos centros de recolha oficial, divulgado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Segundo a instituição, no ano passado, foram lançados sete avisos com incentivos destinados ao investimento nos canis municipais e em "campanhas de identificação e esterilização". Foram, assim, construídos 37 novos centros de recolha oficiais e modernizadas 21 instalações já existentes, possibilitando a expansão da capacidade de resposta das instituições e um aumento do número de animais recolhidos.
No total, no ano passado, foram recolhidos 43 603 animais. É o valor mais alto desde a entrada em vigor da lei de 2016, que define medidas para a criação de um rede de centros de recolha oficial de animais. Feitas as contas, em média, cerca de 119 animais entraram nas instalações municipais todos os dias. Santo Tirso foi a instituição com o maior número de animais recolhidos (1505 cães e gatos). Seguiram-se Ponta Delgada (1303), Cascais (1237), Braga (1171) e Vila Nova de Famalicão (1024).
Aumento da capacidade
A Câmara de Santo Tirso, que mais do que duplicou o número de animais recolhidos no ano passado face a 2020, justifica-se com dois fatores: uma maior aposta em campanhas de captura, esterilização e devolução de animais e a contratação de mais três tratadores para o canil/gatil.
Vila Nova de Famalicão recolheu mais 222 cães e gatos no ano passado face a 2020. Hélder Pereira, vereador do Ambiente e Bem-Estar Animal, descarta a existência de mais animais nas ruas. "O aumento deve-se ao facto de termos inaugurado o nosso centro de recolha animal, que tem mais capacidade para receber mais animais errantes", explicou o vereador, detalhando que o município está a "capturar animais que vêm de outros concelhos limítrofes".
Também o Porto recolheu, no ano passado, mais 126 cães e gatos no novo centro de recolha oficial de animais. O espaço, inaugurado em 2020, é "mais moderno" e permitiu a duplicação da capacidade de alojamento". Segundo a autarquia, dos animais recolhidos, registou-se um aumento de gatos entregues pelos donos fruto de "circunstâncias muito específicas". É o caso da "degradação das condições de saúde dos detentores ou das condições de alojamento", bem como casos decorrentes de solicitações judiciais em processos de despejo ou incêndios.
A par das recolhas, no ano passado, as adoções também aumentaram. Ao JN, o ICNF referiu que, de forma a "implementarem os normativos legais em vigor e a evitar a contínua sobrepopulação", os canis/gatis "implementaram medidas com vista a fomentar a adoção de animais", traduzindo-se num aumento de 22,7%. Quanto à eutanásia, houve um decréscimo de 4,3%. Em 2021, foram eutanasiados 2288 animais.
Lei proíbe abate
A legislação de agosto de 2016 aprovou medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e estabeleceu a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da lotação nos canis municipais, privilegiando a esterilização.
171 centros oficiais
De acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, existem 171 alojamentos oficiais para animais de companhia autorizados em Portugal, abrangendo 195 concelhos.