O Sindicato Independente dos Médicos apelou ao Governo para disponibilizar rapidamente meios de proteção aos profissionais de saúde em Portugal, onde haverá mais de 50 médicos infetados com o novo coronavírus e mais de 150 em quarentena.
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O presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, avançou que Portugal regista mais de 50 médicos infetados com o vírus da pandemia, com os últimos cinco casos identificados no Hospital SAMS (privado), em Lisboa, e que há mais de 150 médicos em quarentena.
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"Neste momento, daquilo que é do nosso conhecimento, médicos infetados já ultrapassará a meia centena. Médicos em quarentena mais de 150. (...) Mais recentemente aconteceu no Hospital do SMAS, onde cinco médicos atestaram positivos e mais um técnico, um deles está no Hospital Curry Cabral", revelou Roque da Cunha, observando que, "com médicos doentes, dificilmente haverá capacidade de responder ao exponencial crescimento da epidemia".
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A ministra da Saúde admitiu, no sábado, que algumas unidades hospitalares partiram para o combate à Covid-19 com stocks baixos de máscaras de proteção e anunciou um reforço de um milhão de unidades deste equipamento, a ser entregue durante este fim de semana. "Ontem foi anunciado que existem dois milhões de máscaras, mas nós temos indicações todos os dias da dificuldade da disponibilidade dessas máscaras chegarem aos profissionais de saúde", avisou, pedindo aos médicos para que não corram riscos e que, no caso de não estarem devidamente protegidos, e de haver uma suspeita séria do vírus, tenham um cuidado redobrado.
Roque da Cunha criticou o Governo por não estar a escutar os médicos em relação à pandemia, referindo que estão disponíveis para ajudar. "Que sejam os técnicos e os médicos a aconselharem o Governo, e nós estamos totalmente disponíveis, tal como a Ordem dos Médicos, para o fazer, infelizmente ainda não nos chamaram", afirmou.
Sobre os novos cinco casos de médicos infetados com o vírus no Hospital SAMS, Roque da Cunha apelou à unidade hospitalar privada para que "torne público o plano de contingência", afirmando que são desconhecidas publicamente as medidas de prevenção da pandemia.
Vimos esse reconhecimento das pessoas
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Questionado sobre o gesto dos portugueses, que saíram às janelas e varandas às 22 horas de sábado para bater palmas aos profissionais de saúde, Roque da Cunha disse-se comovido.
"Tem sido de facto um reconhecimento que nós agradecemos, que aliás deveria estender-se do Governo em relação à nossa parte. Vimos esse reconhecimento das pessoas. Necessitamos de estar protegidos para as tratar da melhor forma e, de facto, esse reconhecimento até devo dizer que me comove, ainda por cima, da forma espontânea como foi organizado", disse.